sábado, junho 16

Crítica: Os Bons Companheiros (1990)



"Tudo que eu me lembro é que eu queria ser um gângster."

Dessa frase se inicia uma das obras que trazia uma nova cara ao gênero gângster, ainda muito focado nos mafiosos dos anos 20 e 30, não que tenham perdido seu charme, mesmo após O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972) que traria um abordagem mais realista e humanizada daqueles "homens de negócio".

domingo, junho 10

Os (E)Namorados da Telinha (2012)

Por Wendell Marcel

Em homenagem ao Dia dos Namorados, o E Aí, Cinéfilo, Cadê Você? fez uma seleção de filmes que emplacam esse gênero tão romântico e lacrimejoso, que é o romance (impossível ou não). A seguir, dez filmes que mostram os diversos problemas no amor, e as várias formas de amar.


Bella e Edward, da saga Crepúsculo

Mesmo a história dos pombinhos sendo no começo da saga um triângulo amoroso, o problema depois é o perigo que um proporciona ao outro, e contra isso o prazer entre os dois.


Crítica: O Espião Que Sabia Demais (2011)


Os minutos iniciais de O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, 2011), definem o que se passarão nos longos minutos restantes do longa de Tomas Alfredson, desde o estilo de direção, o roteiro em forma de quebra-cabeça (literalmente, algo que você perceberá só no final do 2º ato), as atuações cheio de nuances e pequenos gestos e olhares, o ritmo (bem lento, permanecendo assim do começo até o fim de forma contínua) e o clima paranoico que paira entre todos os espiões da Circus, agência secreta do governo britânico na qual eles trabalham.

Há muitos que dirão que o filme é confuso, e sim ele é, mas para um filme ter sido feito com todo aquele cuidado técnico, seja na fotografia que utiliza ângulos distantes em 3ª pessoa ou nos olhares sempre alertas e desconfiados dos personagens, com atenção nos mínimos detalhes a sua volta, é difícil de acreditar que aquilo tenha sido um deslize, e muito menos um defeito do roteiro ou da montagem, já que sua estrutura condiz com aquilo que o filme realmente propõe.

O filme começa com a informação de que há um traidor, ou como eles dizem, um "toupeira" infiltrado na agência britânica, e Control (John Hurt) que é o chefe da agência e Jim Prideaux (Mark Strong) sabem disso, apenas precisam do codinome, mas a missão termina de forma desastrosa e trágica, e Control sai do comando, morrendo posteriormente. Mas aí, fora do parâmetro do Circus, George Smiley (interpretado maestralmente por Gary Oldman) é designado a investigar a teoria de Control sobre quem é o tal toupeira, e a partir daí, o quebra-cabeça começa a se encaixar aos poucos através de pistas deixadas pelo seu mentor, digamos que o roteiro tem uma estrutura de certo modo parecida com Pulp Fiction (1994), mas ao invés de pegar três histórias e desencaixá-las, ele utiliza flashbacks entre sub-tramas e a trama principal (a investigação de Smiley), fazendo ele todo se encaixar no contexto final de uma forma ainda mais complexa.

A direção é de uma sutilidade e uma elegância pouco vistas atualmente, dando importância aos detalhes, ao desenvolvimento dos personagens e a construção do clima sufocante, sendo suportada pela atuação de um grandíssimo elenco, senão, a melhor dos últimos tempos contando com atores de alto nível como os já citados anteriormente, como Tom Hardy, Colin Firth, Benedict Cumberbatch, Ciarán Hinds e Toby Jones; além da ótima fotografia que reforça o fato de alguém estar os observando ou a solidão que cada um ficou fadado a conviver devido a profissão, sendo que suas vidas particulares (grande acerto do roteiro em explorá-las) são problemáticas e instáveis, seja pela falta de fidelidade do parceiro ou por ambos não poderem se relacionar por causa de tabus da época; ou a trilha-sonora de Alberto Iglesias, de um som requintado e que reforça ainda mais o suspense sobre a trama.

Diferente de muitos filmes cujo mistério será revelado no final, ele não tende a querer chocar o público com a revelação do toupeira, já que além de ser um filme frio e distante entre personagem/espectador, todos ali são tão suspeitos que não chega a ser um susto descobrir a maçã podre da cesta, além disso, isso nem é a sua proposta e sim dar um parâmetro total daquela realidade acerca da Guerra Fria, tão silenciosa e ao mesmo turbulenta que dividiu o mundo e definiu a geografia do cenário mundial atual, em que ela não afetou apenas países e povos, mas também indivíduos, principalmente aqueles que sabiam demais, cujo medo vinha de ocultos interesses alheios do alto escalão da política das duas grandes potências mundiais e seus envolvidos.

"Um homem deve saber a hora certa de sair de uma festa."


Nota: 9,5/10,0






sábado, junho 9

Crítica: Deus da Carnificina (2011)


Por Kaio Feliphe

"Se tratando de Polanski, um filme menor."

Geralmente, as pessoas escolhem os filmes que vão assistir ou pela história que eles vão contar ou pelo gênero apresentado. Mas também têm aqueles que nos interessamos só de olhar a equipe que trabalhou nela, sem nem sequer saber sobre o que se trata. Um ótimo exemplo disso é Deus Da Carnificina (Carnage, 2011), obra do renomado e brilhante diretor franco-polonês Roman Polanski. Só por ele muitos já ficariam curiosos, mas o elenco pequeno e estelar também é um grande atrativo, pois é composto por nomes como Jodie Foster, John C. Reilly, Kate Winslet e Christoph Waltz.

O longa conta a história de dois casais que tiveram um problema com seus filhos (um deles agrediu o outro com um pedaço de madeira) e decidiram resolver conversando pacificamente, mas acabam discutindo outros assuntos com o decorrer do tempo. A briga que desencadeou tudo isso é muito bem mostrada na introdução do filme, ao fundo dos créditos iniciais. Mas daí em diante, não é difícil de perceber o clima teatral que o filme tem, principalmente por ser baseado em uma peça da roteirista francesa Yasmina Reza, Le Dieu Du Carnage. O trabalho de câmera de Polanski não deixa de ser ótimo, passeando pelo espaço físico limitado que tem (um simples apartamento), mas o filme não deixa de parecer apenas uma peça filmada.

O roteiro é o grande problema da obra. É possível notar que algumas cenas são excessivamente exageradas, que talvez funcionassem no teatro, mas nas telonas essa tentativa foi falha. O desenrolar dos diálogos também não soa natural, principalmente com Michael Longstreet, personagem de John C. Reilly, que simplesmente de uma hora para outra deixa de ser o pai bondoso do agressor a um homem machista e ignorante. Mas as atuações não são um problema, pelo contrário, são, ao lado da direção, o ponto alto do filme. O próprio Reilly e principalmente Christoph Waltz estão muito bem em seus personagens. Alan Cowan (Waltz) é o mais engraçado da trama, com seus problemas de trabalho e seu celular que toca a cada minuto. Winslet, mesmo com alguns pequenos exageros, também atua muito bem, em uma Nancy Cowan que vai de uma doce e meiga esposa a uma bêbada "linguaruda". Porém, a grande atuação é da genial Jodie Foster. Talvez isso se deva ao seu personagem, que é o mais profundo dos quatro. Penélope parece ser a única que realmente quer resolver aquele problema e finalmente acabar com a discussão, além de que a sua “transformação” seja a mais natural entre eles.

Deus Da Carnificina é um ótimo trabalho de diretor e elenco, mas que o roteiro bagunçado quase estraga seu resultado final.  Porém, dificilmente esse clima teatral tão prejudicial deixaria de existir em outro roteiro, já que a história é propícia a isso. Deixando isso de lado, o longa se sai muito bem dentro de suas limitações. Como sempre, Polanski realiza, no mínimo, um bom trabalho. Ver seu nome na equipe de qualquer filme é garantia de coisa boa. Pelo menos isso Deus Da Carnificina é.

Avaliação: 7/10





Trailer:


domingo, junho 3

Crítica: Alien - O Oitavo Passageiro (1979)


Por Maurício Owada

Ridley Scott antes de seu reconhecimento de sua obra atemporal Blade Runner - O Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982), e de sucessos comerciais como Gladiador (Gladiator, 2000), o cineasta mostraria para o que viria em uma ficção-científica misturada com terror, Alien - O Oitavo Passageiro (Alien, 1979) , que se tornaria uma das obras mais cultuadas dos últimos tempos, principalmente por aficionados pelo gênero sci-fi, além de um excelente clima de tensão, em uma época em que o terror não era apenas tripas, sangues e mutilações, o medo se exalava no clima de paranoia e caos que se aprofundava, principalmente se levarmos em questão que era um grupo de pessoas em uma nave, no espaço, longe de casa com um alienígena altamente perigoso que acabara de sair da barriga de um amigo deles.

Ridley Scott acerta a mão em não definir o protagonista definitivo do filme, ou seja, ele cria mais uma estrutura de filmes de terror e suspense, em que se conhece cada personagem (no caso, a tripulação), e ao mesmo tempo eles vão sendo impiedosamente mortos pelo xenomorfo, e a personagem principal só se revela no final. A câmera desliza devagar naquele cenário escuro e claustrofóbico, o cineasta não tem pressa em criar logo um clima de terror, tudo isto ele constrói aos poucos.

O elenco é de primeira, John Hurt, Sigourney Weaver, Tom Skerrit, Veronica Cartwright e Ian Holm fazem um excelente trabalho, o roteiro também é competente a revelar pouco a pouco o porquê deles terem parado naquele planeta inóspito que mais tarde traria um grande problema a eles para dentro da nave. Nenhum personagem apresenta no começo a personalidade de um típico protagonista, o que humaniza todos os personagens, mostrando cada um em suas devidas personalidades, em que só estão ali passando por esse risco não por uma conduta moral, mas por protocolo inscrito pela empresa de mineração espacial por qual trabalham, em que se esconde uma sinistra diretriz na programação do computador da nave em que estão tripulados, fazendo uma forte crítica ao corporativismo que visa apenas o lucro e à indústria bélica, ainda mais tendo em conta o período histórico em que o filme foi feito, e isso se destaca num diálogo do personagem Ash, interpretado por Ian Holm.

A parte técnica é ótima, incluindo a direção de arte como o design interior da nave com um visual mais industrial do que a de um ônibus espacial e claro, o design do próprio Alien, sendo este até hoje um dos ícones mais pop atualmente, apesar de não ter sido feito para este intuito. A fotografia sombria ajuda a construir o clima enquanto a parte sonora traz um tom bastante tenso ao filme, destaque ao som agudo que o Alien ruge.

O impressionante é mostrar, sem precisar explicar muito ao estilo "final de um episódio de Scooby-Doo" toda a biologia deste ser a parte, aproveitando de teorias darwinianas para trazer toda uma verossimilhança aos seus funcionamentos orgânicos, criando realmente um ser extremamente fascinante em como faz para sobreviver, em que ao mesmo tempo é assustador pelo que faz, também, para sobreviver.

Um marco do cinema de ficção-científica, em que se misturara ao terror (cuja fórmula seria poucas vezes bem empregada futuramente), e um marco na carreira do diretor Ridley Scott, revelando um realizador que traria ótimos filmes ao longo de sua carreira, apesar de uma carreira irregular, mas que demonstra uma segurança em conduzir filmes densos, e com a vinda de Prometheus (idem, 2012), o prelúdio deste filme que fora analisado, Ridley Scott ainda consegue despertar interesse e curiosidade por um material já explorado.

"No Espaço Ninguém Pode Ouvir Você Gritar."

Nota: 8,5/10,0