sábado, agosto 18

Crítica: Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)




Desde que Nolan dirigiu o primeiro filme da (até agora) atual trilogia, Batman Begins, ele trouxe uma nova abordagem ao filme de super-heróis. O único herói da DC Comics sem poderes, que apenas utiliza de suas habilidades mentais e físicas, junto com apetrechos tecnológicos fabricados na empresa herdada por ele, após a morte de seus pais, que acabara presenciando e moldando sua personalidade ao Batman, um justiceiro noturno que combate o crime em Gotham City, e diferente de outros heróis, tanto da DC quanto da Marvel é que ele não teve que trabalhar a sua personalidade com o que iria ser, e sim que sem sua vontade, teve a sua persona transformada permanentemente. Batman não é o alter-ego de Bruce Wayne, mas ao contrário, a sua máscara é a do herdeiro playboy bilionário, acompanhado de garotas e carros esporte, escondendo uma mente traumatizada pelo passado, e esse complexo personagem caiu como uma luva nas mãos de Christopher Nolan, que tem uma filmografia admirável de roteiros complexos e direção ágil e competente, e foi a partir de Batman - O Cavaleiro das Trevas, que não só adquiriu fama e confiança do público e dos produtores, mas também um estilo próprio, consagrando-o como um dos maiores cineastas atuais; e tal feito em um filme de super-herói com toque autoral, consolidando o "Nolan-verso" na cronologia do trabalho sobre a imagem do Homem-Morcego como uma das melhores visões sobre o personagem.



Obviamente, com tal feito, era esperado que o último filme da trilogia originada de Batman Begins, e aprimorada em Batman - O Cavaleiro das Trevas, fosse a altura da fama que o cineasta construiu e também um adeus com chave de ouro. Aliás, não tinha como não criar grandes expectativas desde que este reconstruiu e salvou a imagem do personagem nos cinemas após o desastre "colorido" de Joel Schumacher, e Nolan decidiu colocar como vilão, Bane, o mesmo que arrebentou a coluna de Batman nos quadrinhos (e apareceu no horrível Batman & Robin como um brutamonte geneticamente modificado imbecil). Mas esqueça aquele Bane, este aqui é totalmente diferente, é um estrategista e um rival tanto físico quanto intelectual em comparação ao seu adversário, diferente do Coringa de Heath Ledger, que era um rival mais no contexto moral e ideológico. E Tom Hardy trabalha bem no personagem, a força de sua atuação está apenas no olhar e na sua voz anasalada devido a máscara, impondo uma presença forte em cena. Quem também se destaca é Anne Hathaway como Selina Kyle, ou Mulher-Gato, uma ladra sorrateira e esbanja sensualidade em trajes que pouco mostram seus atributos e Joseph Gordon-Levitt, como John Blake, assumindo o papel de um policial intuitivo e idealista, mas ainda durão. Morgan Freeman, Michael Caine e Gary Oldman dão continuidade aos seus personagens muito bem, competentes em seus papéis, e Christian Bale volta a brilhar como Bruce Wayne após ser ofuscado pela atuação de Heath Ledger no segundo filme, e com mais aproveitamento de sua atuação, principalmente em um diálogo com Alfred, seu mordomo, mentor e suporte paternal. Em compensação, Marion Cotillard tem uma atuação fraca, diferente se comparado a sua presença em A Origem.

As cenas de ação são mais grandiosas, é tudo mais épico e o Morcego, um transporte aéreo do Batman é uma novidade entre os artefatos de Batman, e utiliza-se o mínimo possível de CG para as cenas ficarem mais reais, como o sequestro do avião no começo do filme, dentre diversas outras muito bem conduzidas por Christopher Nolan, e a luta entre Batman e Bane, sonorizada apenas pelos socos e pontapés é uma das melhores da trilogia, tensa e brutal. A fotografia é a mesma de seus últimos filmes, com tons azulados e uma paleta de cores fria, e o ponto forte é a sonoplastia que continua competente e a trilha-sonora de Hans Zimmer que enfatiza o clima épico deste filme.

Termina-se uma das maiores trilogias dos últimos anos, e guarda algumas surpresas para os fãs de quadrinhos do Batman e aos fãs de cinema, que tratou de temas humanos, como medo, caos e dor, cada um com um vilão que representou cada um desses tormentos do homem desde antigamente até hoje em dia, e Batman é mostrado como um símbolo, não só de esperança, mas de humanidade e valores, e mesmo que tenha seus defeitos como um roteiro menos ousado (porém, longe de ser ruim) de seu antecessor, fecha com uma ótimo retrato do mundo e o valor do sacrifício de uma pessoa a todos os outros.

Avaliação: 8,0/10,0






8 comentários:

  1. Excelente crítica. Confirmo todas as suas palavras!

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  2. Se não fosse aquela reviravolta completamente imbecil no final, o filme poderia ser bem melhor. Ainda sim, grandioso.

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  3. Não achei tão ruim a reviravolta, o que desagradou mesmo nem foi a atuação fraca de Cotillard, mas o jeito que ela morre é muito falso, apesar de que acho que aquela reviravolta não fez bem para alguns personagens interessantes, mas enfim..., de qualquer jeito, é um bom filme, mas prefiro o segundo filme ainda.

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  4. Também só reclamo por aquela reviravolta no final, besta até não poder mais, além de que a Cotillard tava apagadissima. Fora isso, adorei tudo no filme, mas também prefiro o anterior.

    http://avozdocinefilo.blogspot.com.br/

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  5. SPOILERS!!

    O grande problema dessa reviravolta foi simplesmente tirar toda a força que o Bane tinha construído ao longo do filme. Todo o medo que ele provocava no público, toda a imponência que ele tinha em cena (aliás, um belo trabalho do Tom Hardy na construção do personagem) simplesmente some em 5 minutos. Além da provável morte do Bane (já que Nolan mostra apenas ele tomando aquele tiro, mas...) também ser um erro enorme.

    Apesar disso, toda a parte técnica, trilha-sonora e atuações estão muito bem trabalhados e fecha dignamente a trilogia, que teve seu ápice no filme de 2008.

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    1. Concordo, jogou toda a construção do personagem no lixo com aquela revelaçãozinha, mas pelo menos, o resto do filme é ótimo.

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  6. Concordo com o Mauricio Owada. Se a Cottilard tivesse atuado bem, já teríamos um avanço considerável. E a reviravolta foi estranha, ainda que não tenha estragado tanto assim o filme.

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  7. O segundo é melhor...

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