segunda-feira, agosto 6

Crítica: Na Cidade de Sylvia (2007)





Na cidade de Sylvia (no original, En la ciudad de Sylvia) é um filme que facilmente poderia ter sido realizado na época em que D. W. Griffith fazia seus primeiros longas, porém decisivos filmes, o que não quer dizer que Na cidade de Sylvia seja uma produção ultrapassada ou que já nasceu velho, pelo contrário, o filme utiliza e se apóia o mínimo e nas simples técnicas narrativas; campo-contracampo e quadros detalhados, mas sem exageros de imagens. Logo, é um filme que poderia ter sido feito nos primórdios do cinema narrativo e também, entre outras coisas, é um quadro sobre o tempo.

A trama é o mais simples possível: acompanhamos um turista em paris do qual não sabemos o nome e que em determinado momento descobrimos que ele esta na cidade em busca de Sylvia, mulher que ele conheceu seis anos antes e que  provavelmente teve algum tipo de relacionamento (algo que não é confirmado, mas nem negado pelo filme).

O que ocorreu nesse encontro do turista e de Sylvia e  o que se passou nesses seis anos pertencem somente aos extra-campos do filme e a imaginação dos espectadores, mas o que importa e que em seis anos a lembrança do rosto de Sylvia foi diluída, a memória não é tão precisa, e o turista tenta a todo custo ter essa imagem desse rosto feminino novamente, tentando esboça-ló em seu caderno de desenho e o procurando na face das mulheres que passam; não só o tempo em si está presente no filme mas sua ação sobre a memória é algo notável.

Finalmente o turista encontra  a mulher que ele acredita ser Sylvia e a segue pela cidade. O diretor mantém todo tempo planos de câmeras abertos e insiste em um jogo de campo-contracampo, tudo é simplíssimo, sem nenhum tipo de afetação,  temos  um jogo voyeurismo próxima do que há em Um Corpo que Cai (1958), filme que já foi reencenado diversas vezes, mas aqui temos um frescor único. Na Cidade de Sylvia é tem um pouco de Um Corpo que Cai, que ignora toda a historia do cinema e reconta a trama de paixão e obsessão através da imagem mais pura e ao mesmo tempo mais bruta.

Mas se o turista procura uma mulher especifica, por que ele olha por todas as mulheres que por ele passam? Porque qualquer uma pode ser Sylvia, certamente, mas ela é todas as mulheres, e todo a cidade e tudo nela (a cena em que vemos o reflexo do rosto feminino nos trens é representação mais clara disso). Mas também porquê o filme também é uma mera desculpa para que o que diretor José Luis Gerín  faça seu elogio e sua declaração de amor ao sexo feminino.

“Na Cidade...” também é um filme sobre o cinema em si, o cinema enquanto uma arte cênica e lúdica, afinal assim como o turista, no final é claro que o espectador foi enganado, pela memória de nosso protagonista, memória  que aqui também surge como o lúdico, e se iguala ao cinema.

Avaliação: 10/10




Um comentário:

  1. Esse filme não se passa em Paris, e sim em Estrasburgo, também na França.

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