segunda-feira, outubro 15

Crítica: Moonrise Kingdom (2012)


Interessante que Moonrise Kingdom (idem, 2012) seja o melhor filme de Wes Anderson desde Três é Demais (Rushmore, 1999), já em comum os dois filmes tem uma trama que retrata a juventude e seus conflitos,  aqui na forma de um romance de um casal pré-adolescente que  se apaixona e foge para uma floresta, levando a comunidade toda à loucura por sua busca. Mas esse retrato é feito através da paleta multi-colorida do humor idiossincrático do diretor.


Moonrise Kingdom é notavelmente um filme de Wes Anderson, como qualquer um que já tenha visto  outro filme do diretor pode facilmente deduzir, logo é mais que normal que os detratores do diretor usem como argumento o fato de que  todos os filmes desse são iguais; de fato, Anderson usa uma serie de procedimentos bem limitados em seus filmes: como a já citada paleta de cores berrantes e seu humor peculiar, além de enquadramentos bem calculados e rigorosos, a trilha fofinha, dentre tantos outro recursos abusados por esse diretor e pela maioria dos filmes ditos indie nos últimos onze ou doze anos. Talvez essa banalização dos estilo de filmagem do diretor seja um dos principais motivos de muitos torcerem o nariz para obra do Texano, porém existe um serie de fatores que diferenciam Anderson de outros diretores de estilo semelhantes  ao dele:  

1) Dramaturgia: é notável que Anderson vem amadurecendo a cada novo filme, sendo que cada vez vem se tornando mais seco e direto no que ele tem a dizer e no trato com seus personagens, ele está longe de ter uma relação sádica com eles como um Trier ou  Haneke; contudo também está longe de ser um condescende que abraça e romantiza seus personagens. Nesses aspectos Anderson é o diretor do equilíbrio, ao contrário que as cores de seus filmes sugerem. Suzy talvez seja o personagem que melhor retrata esse equilíbrio, o diretor não fecha os olhos para seus acessos de violência, mas não retrata ela como um monstro por eles, ele entende que todos temos nossas falhas e somos passivos de nossos ataques de fúria, cada um a sua maneira.

2) Conteúdo:  Talvez o maior defeito dos imitadores do diretor seja o fato de que esses se limitam a imitar a direção de arte exuberante e a trilha de baladas fofinhas, sendo que Anderson tem muito mais a oferecer, como um bom contrabandista, aqui através de um romance entre duas crianças estranhamente maduras o diretor cutuca o comportamento dos adultos infantilizados, algo perfeitamente retratado na figura do escoteiro-chefe interpretado pelo Edward Norton. Além disso, Anderson  não usa as figuras arquetípicas só por usar, em Três é Demais o nerd não era apenas um nerd, e aqui a figura do casal de outsiders se mostram bem mais profundo que o clichê do casal de jovens rebeldes.

Mas talvez o fique mais forte na memória do espectador e que este é até aqui o filme mais melancólico de Anderson, uma mistura de otimismo com uma certa dose desconfiança, existe uma certa melancolia de que em um inevitável processo de amadurecimento traz consigo, como atesta a bela cena de dança na praia, que representa a passagem da infância para adolescência, uma inegável tristeza pelo que ficou para trás, mas um sentimento de que o que esta por vir é belo, também triste, confuso mas inegavelmente belo.

Avaliação: 8,5/10,0





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