terça-feira, janeiro 22

Crítica: Detona Ralph (2012)



Por Kaio Feliphe

"Um desperdício."

Pode não parecer, mas os games existem há mais de 50 anos. Um dos primeiros que se tem notícia veio na década de 1950, Tennis For Two. Um simples simulador de tênis, onde uma bolinha piscante ia de um lado para o outro, em uma pequena tela que era dividida por uma linha que simulava a rede. Foi a primeira experiência multiplayer da história dos games. A partir daí, a evolução tecnológica foi incrível. Os fliperamas (ou arcades) nas décadas de 1970 e 1980, os primeiros consoles na transição entre os primeiros anos de 1990, o início da era digital com o lançamento do PlayStation 1 em meados de 1994, o “boom” tecnológico que foram os seus sucessores (PlayStation 2 e 3, Xbox e Xbox 360, Nintendo Wii e WiiU...), além da evolução dos PC’s. E a perspectiva é um avanço ainda mais rápido para os próximos anos.

Aproveitando esse momento, a Disney lançou Detona Ralph (Wreck-It Ralph, 2012), uma animação ambientada no mundo dos games, feita para cativar os pequenos de hoje e de ontem. O filme conta a história de Ralph, o vilão do jogo de fliperama Fix-It Felix (jogo claramente influenciado no clássico da Nintendo Donkey Kong, de 1981, onde o personagem título seria Ralph e o mocinho, Jumpman, ou Mario, como ficou eternizado, seria Felix). Depois de trinta anos fazendo seu trabalho, Ralph se cansa de ser vilão e, na comemoração do trigésimo aniversário do jogo, resolve que quer experimentar o outro lado da moeda, ser o herói. Com isso, Ralph tenta ir nos outros jogos em busca de uma medalha, o que mudaria sua vida.

A história se passa em três cenários básicos, o jogo do Ralph (Fix-It Felix), um jogo de tiro em primeira pessoa (Hero’s Duty) e um jogo de corrida (Sugar Race). Ralph entra neste segundo jogo, e lá consegue uma medalha. Porém, ele acaba entrando no Sugar Race, onde reside Vanellope, um bug do jogo que faz de tudo para conseguir entrar na corrida e ser um personagem jogável. Para participar do jogo, ela precisaria de uma moeda de ouro, e usa a medalha de Ralph para isso. Daí em diante começa a história dos dois.

Pela premissa, Detona Ralph seria uma experiência única e nostálgica para todos aqueles que amam o mundo dos games. E pela primeira metade do filme, a expectativa se confirmava. A reunião de vilões memoráveis na sala dos fantasmas de Pac-Man, onde vários personagens clássicos se encontram, como Bowser, M. Bison, Kano, Zangief e o próprio fantasma do Pac-Man, é o ponto alto dessa nostalgia. Além de ter aparições de Ryu, Ken (onde aparece uma luta entre os dois e, como sempre, Ken está apanhando [risos]) e Chun-Li, e a aparição do clássico código da Konami (↑ ↑ ↓ ↓ ← → ← → B A) em um controle de NES para abrir um cofre. Mas depois da metade do filme, a relação entre Ralph e Vanellope toma todo o foco, tirando totalmente o clima gostoso de saudade do filme.

Além disso, Detona Ralph vira uma animação bobinha e melosa, onde cada minuto do filme parece querer passar uma lição de moral. Tenta fazer parecido com o que foi feito com a trilogia Toy Story, dando vida a personagens do mundo infantil, mas falha, infelizmente.

Mas uma coisa que não podemos reclamar é da técnica do filme, impecável. Uma ideia interessantíssima dos criadores foi fazer os personagens secundários do jogo Fix-It Felix, andarem travando, meio que arrastado, lembrando os frame rates baixos dos jogos antigos. Outro momento interessante é quando Felix olha deslumbrado para a heroína do jogo Hero’s Duty, Calhoun. “Olha a alta definição de seu rosto!”. Um belo contraste entre a tecnologia e o foco dos games clássicos e os games atuais.

Detona Ralph não chega a ser uma obra ruim. Mas é triste ver tanto potencial desperdiçado. Um mundo tão vasto como o dos video-games sendo ignorado completamente, em prol de uma historinha boba e clichê. Para uma primeira empreitada da Disney em um mundo diferente do que está habituado, foi um início razoável. Se, em algum futuro próximo, ela resolver se aventurar por essas bandas de novo, que os erros de Detona Ralph sejam lembrados e repensados, não refeitos.

Avaliação: 6/10




Trailer:

3 comentários:

  1. parecer tão nostálgico, lembrar dos tempos em que games eram divertidos e inocentes.

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  2. A ideia original parece-me muito interessante! Uma pena que o filme perca essa condição nostálgica.
    Muito bacana o blog. Que tal uma pareceria? Colocaremos os links dos blogs um do outro em nossas listas de blog amigos, que tal?
    Abraços!

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  3. Caramba, que pena! Eu tinha altas expectativas para esse filme. Mesmo assim vou assistir para ver qual é =)

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