domingo, março 3

Crítica: Hitchcock (2012)


Por Maurício Owada

"Um retrato (não tão) eficiente de Alfred Hitchcock"

Que Psicose é um clássico absoluto não só do cinema americano, como também mundial, é inegável. Marcou pela reinvenção de seu diretor, considerado um gênio, se superando e sendo este o seu maior sucesso de sua carreira. E é sobre o processo de filmagens de Psicose que o filme intitulado apenas Hitchcock retrata, logo após a premiére de Intriga Internacional, em que recebe uma crítica negativa de seu filme e ainda perguntado por um repórter se ele não devia parar pra terminar sua carreira decentemente, afeta o ego e a vida do cineasta. Até que se fascina pela história do livro Psycho e decide fazer um filme, mas que acarreta dificuldades devido ao conteúdo chocante para a indústria hollywoodiana para a época, devido ao Código Hays (código de censura que determinava certos temas e conteúdo no cinema, perdeu força nos anos 60 com a Nova Hollywood).

O filme adota uma linguagem divertida, como no começo em que mostra um assassinato e ali está assistindo aquela cena macabra o próprio Alfred Hitchcock, que não faz parte do contexto, mas inserido na cena como no seu programa Alfred Hitchcock Presents, um programa de TV que a cada episódio apresentava uma história policial e que aumentou sua popularidade nos anos 50, e diversas outras referências aos seus filmes mais famosos, como Janela Indiscreta. O que o filme faz é mergulhar na loucura criativa do Mestre do Suspense, que tinha um certo sadismo e obsessão em relação as suas atrizes principais, de preferência, quase sempre loiras. Mas há momentos de fragilidade no personagem, seja ele em momentos infantis de ciúmes de sua esposa ou quando desmaia pela seu estado de saúde. O conflito do Hitchcock exposto pela visão do verdadeiro assassino que inspirou Psicose rende algumas das cenas mais insanas do longa

Apesar do roteiro não ser realmente brilhante, as atuações engrandecem o filme, principalmente em questão de Anthony Hopkins, irreconhecível como o brilhante cineasta, ele compensa sua atuação pela maquiagem caricaturesca demais, e já o "Good Evening" com a mesma impostação de voz e mexer de lábios já nos remetem ao cineasta. Helen Mirren brilha como Alma Reville, esposa e maior colaboradora de Hitchcock, muitas das cenas era ela quem opinava e muitas das escolhas eram influenciadas por ela e o filme dá a devida importância a personagem. Scarlett Johansson está a vontade como a atriz Janet Leigh, que protagonizou a famosa cena do chuveiro, mostando mais uma vez que além de linda, ainda é talentosa.

A direção de Sacha Gervasi é irregular, e o ritmo da última metade do filme dá uma queda, voltando a ficar mais interessante mesmo quando Alfred Hitchcock tenta montar o filme e driblar a censura para levá-lo ao cinema; apenas conseguindo manter a atenção do espectador que for fã da obra do cineasta por causa das curiosidades, mesmo assim estas muitas vezes foram modificados para darem uma dramatização. A trilha-sonora de Danny Elfman é excelente e traz todo um charme peculiar ao filme.

Hitchcock é sobre um gênio que se perde em seu ego, mas que precisa rever seus conceitos ao fazer um filme mais ousado, mostrando a velha história (mas nunca datada) do estilo "por trás de um grande homem, tem uma grande mulher". O longa entretêm e diverte, principalmente os cinéfilos e fãs do Mestre do Suspense, mostrando também um pouco do processo criativo de alguém que já tinha um currículo de sucessos e obra-primas. Com algumas falhas estruturais, compensa pelo seu material (que poderia ter sido mais explorado) e pelas ótimas interpretações de seus protagonistas.

"Good Evening!" - Alfred Hitchcock

Nota: 7/10




Trailer:

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