domingo, junho 30

Crítica: Além da Escuridão - Star Trek (2013)


Por Maurício Owada

"Seguindo a reinvenção de um universo atravessando novas fronteiras"

J.J. Abrams e a série Jornada nas Estrelas coincidem em seu histórico: iniciaram um sucesso particular na TV e foram para o cinema, onde se consagraram de vez. J.J. Abrams fez séries de sucesso como Alias e Lost e dirigiu Missão: Impossível III (Mission: Impossible III, 2006). Jornada nas Estrelas foi criado por Gene Roddenberry e a série não só se tornou um sucesso apenas por se passar no espaço e vários planetas, mas também pelas suas mensagens e pela sua ousadia: o primeiro programa de TV nos EUA com um elenco multiétnico e o primeiro beijo inter-racial. Enfim, a franquia foi um grande impacto cultural.

Porém, a franquia andava meio morta (a série Enterprise e os últimos filmes foram um fracasso de público e crítica) e não se havia grande interesse do público a não ser pelos trekkers, mas J.J. Abrams assumiu o comando, obteve liberdade criativa e ressuscitou Jornada nas Estrelas das cinzas, firmando como uma franquia em potencial que internacionalizou o seu título original: Star Trek (idem, 2009). O reboot fez o que poucos conseguiriam: agradar aos fãs antigos e despertar o interesse dos novatos até pela série original e os filmes estrelados pela primeira tripulação liderada pelo Capitão James Tiberius Kirk. A genialidade encontrada para dar caminho ao reboot não só deu liberdade para a franquia seguir um novo rumo tanto quanto se conecta com a linha cronológica clássica (da Série Clássica à A Nova Geração, juntamente com os spin-offs Deep Space Nine, Voyager e Enterprise).

Quando foi anunciado uma continuação, J.J. Abrams afirmou que o filme teria o tom de O Império Contra-Ataca para Star Wars e isso se confirma na tela; além da trama ser mais sombria e mostrar a Frota Estelar destroçada (não é nenhum spoiler, o pôster e o trailer deixam isso bem claro), os personagens são levados a outro nível e pega muito mais a essência da franquia ao todo, aproveitando para fazer um panorama do cenário mundial atual - a relação dos EUA com as outras nações, o poderio bélico e seu uso e até mesmo o terrorismo -, a trama possui toda uma complexidade moral (não moralista) onde as escolhas dos personagens são baseadas em motivações e ideais, desde a mais nobre até a mais deturpada.

Os roteiristas Alex Kurtzman, Roberto Orci e Damon Lindelof misturam uma boa estrutura de um filme pipoca com personagens bem desenvolvidos, e a amizade entre Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto) é mais estudada e atinge um nível que os fãs veteranos já conhecem, e trabalham os momentos de desequilíbrio emocional do personagem Vulcano tão típico devido a seu sangue meio-humano, que rende um dos melhores diálogos do filme em relação à morte. Benedict Cumberbatch traz um excelente vilão com uma força, sede de vingança e fúria maior que a do romulano Nero do filme anterior, tornando-o em um inimigo mais forte e perigoso. Há também a participação especial de Peter Weller, o eterno Robocop, no papel de um oficial da Frota de caráter duvidoso.

As cenas de ação são dinâmicas e ajudam a prender o espectador na cadeira, com sequências especialmente produzidas pela computação gráfica que é usada de forma inteligente, ao mesmo tempo para um filme mais sério. Ainda, tem seus momentos de alívio cômico que tiram a tensão criada, sem sabotar a história e fazer com que perca o foco do conflito. Assim, como em um universo com toda uma mitologia, Além da Escuridão: Star Trek (Star Trek Into Darkness) expande o novo universo e nos é apresentado novamente os Klingons, raça que possui um grande império estelar e inimigos da Federação. Mas talvez o ápice, a cereja do bolo, tenha sido a cena que é particularmente comovente e nos remete ao filme mais aclamado de toda a série (os mais velhos entenderão).

J.J. Abrams segue com uma direção excelente e mantém Star Trek no caminho certo, manteve sua essência e aprendeu com a série e seguiu a filosofia ensinada desde o início ao quebrar um dos paradigmas da cultura nerd quando foi contratado na direção de Star Wars: Episódio VII. Pois se a criação de Gene Roddenberry quebrou tabus da sociedade e da própria televisão, nada mais justo do que um diretor conciliar sua carreira entre duas franquias cuja relação foram marcadas pela rivalidade, pois se a Federação Unida e o Império Klingon fizeram um Tratado de Paz, porque fãs de Star Trek e Star Wars não podem andar de mãos juntas?

Nota: 8,5/10,0




Trailer:


sexta-feira, junho 28

Sessão Curta+ : Antoine e Colette (1962)


Filme: Antoine e Colette
Direção: François Truffaut
Roteiro: François Truffaut
Gênero: Drama/Comédia
Origem: França
Duração: 30 minutos
Sipnose: Antoine Donel já está crescido, mora sozinho e trabalha em uma gravadora. Sua paixão pela música o apresenta à jovem Colette, por quem de imediato se apaixona. Antoine e Colette é o segundo filme - um média - da série de Truffaut sobre Antoine, o personagem que ele segue desde a infância problemática até a idade adulta, em cinco filmes.

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Filme:


terça-feira, junho 25

9 filmes selecionados: sobre a Crueza da Realidade (2013)

Por Wendell Marcel


Muito se espera do cinema: emoção, aventura e sentimento. Nas telonas, o cinema-pipoca rende milhões em bilheteria, enquanto que as produções mais independentes são exibidas em poucas salas de cinema. 

Por se tratar de uma arte, a lista a seguir é uma seleção de nove filmes sobre o cinema que mostra a realidade, em sua mais intensa e inesgotável crueza dos atos e condição humanas. 



9. Elefante, de Gus Van Sant (2003)




8. Amor, de Michael Haneke (2012)




7. Michael, de Markus Schleinzer (2011)




6. Trilogia Apu, de Satyajit Ray (1955, 1956, 1959)




5. A Separação, de Asghar Farhadi (2011)




4. A Caça, de Thomas Vinterberg (2012)




3. Umberto D., de Vittorio De Sica (1952)




2. Depois de Lucia, de Michel Franco (2012)




1. Ladrões de Bicicleta, de Vittorio De Sica (1948)

segunda-feira, junho 24

Crítica: Dentro da Casa (2012)


Por Maurício Owada

"Uma aula de narrativa da relação do espectador e autor"

Desde que Flaubert instaurou o Realismo na literatura com seu polêmico romance Madame Bovary, nunca mais a intimidade das pessoas foram vistas com os mesmos olhos. Com seu olhar irônico, ele derrubava todos os velhos valores da burguesia através da história de uma dona de casa entediada que encontra no adultério, o refúgio de seus desejos mais reprimidos pelas convenções impostas pela sociedade. Já no século XX, Alfred Hitchcock fez uma de suas maiores obras-primas: Janela Indiscreta (Rear Window, 1954), um fotógrafo que vive perigosamente que fica paralisado por causa da perna quebrada e com suas grandes lentes, espia a vizinhança até o momento em que “percebe” que uma mulher poderia ter sido assassinada pelo marido.

Em Dentro da Casa (Dans la Maison), o filme conta a história de Germain (Fabrice Luchini), um professor de francês cansado da rotina e que reclama constantemente, até que corrigindo algumas redações sobre o fim de semana de cada aluno, uma delas escrita pelo aluno Claude Garcia (Ernst Umhauer), conta sobre sua passagem na casa de um amigo chamado Rafa e as impressões sobre sua família, se adentrando na intimidade daquela família de classe-média, deixando um (continua...) no final. A partir dali, o professor de literatura se torna um leitor ávido, que pouco a pouco começa a se envolver diretamente naquela estória que era descrita de texto em texto, simplesmente para continuar a ler.

Baseado na peça de Juan Mayorga, o modo como François Ozon trabalha com a metalinguagem é de uma sutilidade e criatividade sem igual, ao mesmo tempo em que ele expõe aquela ficção/realidade escrita como um folhetim por Claude, é interessante o modo como brinca com o espectador e deixa em dúvida até onde aquilo é verdade ou fictício; enquanto que Germain é apenas o espectador, passivo perante os acontecimentos da casa narrados pelo seu pupilo a escritor. Temos apenas o olhar distante, mesmo que invasivo (olhar pelo buraco da fechadura), e deixa claro em uma passagem quando Germain e sua esposa Jeanne (Kristin Scott Thomas, linda em uma atuação excelente e minimalista) estão no cinema e a câmera foca a luz do projetor e corta para a estória contada em off por Claude.

Assim como ele lida a relação do espectador/obra/autor como uma análise para o cinema, não faltam menções a literatura, de autores como La Fontaine e principalmente Gustave Flaubert, e quem já leu Madame Bovary (tanto a obra quanto sobre ela) perceberá semelhanças com os textos escritos por Claude, em episódios (assim como Flaubert fez com sua obra antes de lança-la em livro), em uma trama que envolve a esposa entediada com a rotina que flerta com um rapaz mais jovem, “personagens” com desejos reprimidos e frustrados em questões demasiadamente particulares, por trás da fachada de uma família feliz e normal, através de um olhar intimista, porém sarcástica e em certos momentos, até cruel.

Fabrice Luchini e Ernst Umhauer estão espetaculares como o espectador/mentor e autor/aluno, e torna crível esta relação onde há uma troca mútua de conhecimentos, onde deixa explícito algumas passagens que permeiam a visão de Claude de sua leitura daquela típica família burguesa, mas para o espectador em si, nós somos os alunos e espectadores de uma fantástica aula de cinema e narrativa.

No fim, François Ozon fecha as cortinas para aquela história, onde se chega a um desfecho e seus personagens tem os seus conflitos resolvidos e seguem seus rumos, mas deixa aberto para cada um que assiste uma casa para contar sua própria história.

Nota: 10/10





Trailer:

domingo, junho 23

Featurette de Círculo de Fogo sobre a Concepção dos Robôs

Foi divulgado o featurette do filme Círculo de Fogo sobre a arte conceitual dos robôs gigantes chamados Jaegers.

Guillermo Del Toro comenta sobre suas inspirações que vão desde animes aos pistoleiros americanos, enquanto o produtor Thomas Tull fala que Jaeger significa 'caçador' em alemão.

Confira o featurette:

Longa convertido para o 3D, Círculo de Fogo focará na batalha dos humanos contra os kaiju, monstros gigantes que ameaça o futuro da humanidade. Para lutar contra tais monstros, os humanos utilizam de robôs gigantes chamados Jaegers, que são pilotados por duas pessoas, mas a humanidade se vê perto de sua derrota até que convocam um ex-piloto (Charlie Hunnam) e uma cadete inexperiente (Rinko Kikuchi) para pilotar um robô do passado com uma tecnologia aparentemente obsoleta.

Com direção de Guillermo Del Toro e roteiro de Travis Beacham, o filme contará também com Idris Elba, Clifton Collins Jr., Ron Perlman, Robert Kazinsky, Max Martini e Charlie Day.

Estreia no Brasil em 9 de Agosto.

sábado, junho 22

Sessão Curta+: 11 de setembro (2002)


Filme: 11 de Setembro (Curta do Reino Unido)
Direção: Ken Loach
Roteiro: Ken Loach
Gênero: Documentário/Drama
Origem: Reino Unido
Duração: 11 minutos
Sipnose: Esse curta-metragem é um dos 11 feitos em países diferentes, sendo este a do Reino Unido, mas que foca na história chilena, especificamente uma terça-feira, no dia 11 de Setembro de 1973, quando foi dado o golpe militar no Chile, um regime que acometeu também boa parte da América do Sul, incluindo a Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Peru e Equador.

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Filme:

quarta-feira, junho 19

9 filmes selecionados: sobre o Dia do Cinema Brasileiro (2013)

Por Wendell Marcel

Nesta quarta, dia 19 de junho, comemora-se o Dia do Cinema Brasileiro.

Muito conhecido pelas cores e sensualidade, sempre em voga o drama social e a comédia pastelão, o cinema brasileiro recentemente está sofrendo uma grande explosão de produções cinematográficas, tendo bons títulos lançados não apenas pelo sudeste como também em todas as regiões do país, em especial do nordeste e centro-oeste.

A lista a seguir, diferente de muitas que abrange as conhecidas produções brasileiras, é um levantamento de algumas obras importantes da história do cinema nacional. Claro, não pudemos deixar de fora alguns títulos conhecidos pelo grande público, que também representam o bom cinema latino-americano.

São diretores apaixonados que criaram obras-primas, sendo estas representantes de movimentos que ocorreram e ocorrem em nosso país.



9. Central do Brasil, de Walter Salles (1998)



8. Vidas Secas, de Nelson Perreira dos Santos (1963)



7. Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund (2000)



6. Ilha das Flores, de Jorge Furtado (1989)



5. São Paulo S.A., de Luís Sérgio Person (1965)



4. Cabra Marcado Para Morrer, de Eduardo Coutinho (1985)



3. O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla (1968)



2. A Mulher de Todos, de Rogério Sganzerla (1969)



1. O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte (1962)


Lembra de mais algum filme? Qual o seu preferido?

terça-feira, junho 18

Crítica: Garotos de Programa (1991)



Por Wendell Marcel


"Mais nostálgico do que realmente bom"

O cinema de Gus Van Sant chegou no seu auge no começo do século XXI, surpreendendo a todos - menos a esse que escreve - com sua obra Elefante (Elephant, 2003). Nos seus títulos anteriores, ele se esforça mais para contar sua história por meio de uma linguagem mais leve e didática, com a exceção deste Garotos de Programa (My Own Private Idaho). No entanto, com Idaho o diretor tenta alcançar um estilo de narração que faça jus a  inspiração da história, a obra teatral de William Shakespeare. Não conseguiu.

O longa tem mais clima do que uma história realmente interessante. A energia que ronda o filme é devido a morte precoce, nos anos seguintes, do ator River Phoenix; ao estrelato global de Keanu Reeves e a consolidação do diretor em um bom contador de fatos naturais, como a vida e a morte. São aparências que levam o espectador - pelo menos eu - a sentir que algo transcendente existe nesta obra, marcada por acontecimentos que levaram a sua equipe ao status do que são hoje. Aliás, é neste filme a maior atuação de Phoenix, uma espécie de prodígio, assim como o foram James Dean e Sal Mineo.

A primeira cena que temos é Mike (Phoenix) identificando e conhecendo a estrada, que ele acredita alguma vez já ter passado por ali. O garoto sensível não só está perdido entre suas eloquentes e fantásticas concepções de mundo, como também não encontra a única essência, a sua origem, que pode explicar a razão da sua vida. Junto com Scott (Reeves) eles buscam o que seria a arkhé de Mike, e nesse meio tempo, o rapaz que possui uma interessante doença chamada narcolepsia (quando exposto a situações tensas, ele sofre um ataque neurológico e dorme por algumas horas), se apaixonada pelo filho rebelde do prefeito. A história toda não tem graça, mesmo que exista entre suas facetas e camadas algumas metáforas preliminares do que significa "origem", "lar" e "noção de tempo e memória". Depois que os dois viajam pela América, vão até a Itália e retornam, separadamente, para os seus "habitats naturais", são encontrados envolta de seus próprios mundos. Enfim, acolhidos pelas suas origens que não tardarão a criar novas vítimas.

Quando o título se refere a garotos de programa, a primeira ideia que tive foram sobre vida e dificuldades que esses indivíduos enfrentam. Também; mas a fraca explanação visual de Gus Van Sant não possibilita o espectador, junto com os personagens, identificar e problematizar, no primeiro e segundo ato, e por conseguinte solucionar as incertezas que rondam cada um. É tudo muito jogado e mal escrito, até, em algumas passagens. Como já disse, o grande enfoque aqui é (são)  a (s) atuação (ções) de River Phoenix, atemorizado pelos seus medos, e receios de conhecer e viver num mundo enegrecido. São dois, três ou vários Mike's. Ele interpreta o texto da forma mais profunda, a mente e a busca por algo. O nostálgico, neste filme, é que ele nunca encontra; pois sempre esteve com ele, mesmo não sabendo disso.

Nota: 5,0/10,0




Trailer:

domingo, junho 16

Notícia: Uma História de Amor e Fúria ganha 'Cannes da Animação'


A animação brasileira Uma História de Amor e Fúria, escrita e dirigida por Luiz Bolognesi, levou o prêmio principal no Festival de Animação de Annecy, na França.

Subconscious Password, de Chris Landreth, levou o prêmio de melhor curta.

Criado na década de 60 e é um dos quatro festivais promovidos pela Associação Internacional de Filmes de Animação.

Confira o trailer de Uma História de Amor e Fúria:

sábado, junho 15

Sessão Curta+: Café com Leite (2007)


Filme: Café com Leite
Direção: Daniel Ribeiro
Roteiro: Daniel Ribeiro
Gênero: Drama/Romance
Origem: Brasil
Duração: 20 minutos
Sipnose: Daniel estava prestes a sair de casa para ir morar com seu namorado, Marcos, quando seus pais morrem num acidente. Seus planos para o futuro mudam quando ele se torna responsável pelo irmão caçula, Lucas. Novos laços são criados entre estes três jovens garotos. Filme tanto premiado aqui no Brasil como em outros países.

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Filme:

9 filmes selecionados: sobre O Povo, A Luta, Os Direitos, A Liberdade, A Revolução

Por Maurício Owada

Lutar pelo que é de nosso direito e básico, que insistem em nos negar, nos tirar, nos privar de sermos ouvidos e atendidos. Seja empunhando o poder da oratória ou a coragem de empunhar uma arma é o necessário para mostrarmos que o povo tem a força.

Democracia - da palavra grega demo: povo, e cracia (do grego kratos): poder. O poder do povo de decidir, de escolher quem os representará. A constituição nos permite, em sua essência, protestar e decidir o rumo do país ou do mundo. Não importa o tamanho da mudança: ela se alastra e contamina os jovens com aquele espírito de sonhador há tanto tempo abandonado e empoeirado. Por que ou quem lutamos, um conjunto em prol de um bem maior. Um ideal!

O conformismo podre de almas submissas, uma mazela. O grito desumano de quem exige o mínimo de humanidade, uma gota de esperança.

Não preciso dizer a motivação deste post, pois isso vai MUITO além dos 20 centavos!

A seguir, nove filmes sobre o poder da revolução.

"Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida." - Ernesto Che Guevara


9. V de Vingança, de James McTeigue (2005)



8. Coração Valente, de Mel Gibson (1995)



7. Viva Zapata!, de Elia Kazan (1952)



6. O Leopardo, de Luchino Visconti (1963)



5. Os Miseráveis, de Tom Hooper (2012)




4. Gandhi, de Richard Attenborough (1982)



3. O Que É Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto (1997)



2. Che, de Steven Soderbergh (2008)



1. O Encouraçado Potemkin, de Sergei Eisenstein (1925)


Qual outro filme te desperta a vontade de lutar por um mundo melhor, por uma sociedade justa, por um ideal nobre? E o que seriam eles?

quinta-feira, junho 13

Notícia: Trailer de 300: Rise of an Empire

Sai o trailer da continuação de 300, filme de 2007 dirigido por Zack Snyder (que assume apenas a função de produtor).

Confira:

Dirigido por Noam Murro, o filme parece seguir o tom do anterior, porém levando agora a batalha dos gregos contra o Império Persa. O elenco conta com a volta de Lena Headey (rainha Gorgo) e Rodrigo Santoro (Xerxes), e será protagonizado por Sullivan Stapleton, que faz o general grego Themistocles e terá também Eva Green como a general Artemisia.

300: A Ascensão de um Império estreia no Brasil no dia 23 de Agosto.

terça-feira, junho 11

Crítica: O Lugar Onde Tudo Termina (2012)


Por Maurício Owada

"Derek Cianfrance leva seus personagens até a última consequência"

Quando dois destinos distintos se cruzam, o que surgirá a partir disso? As consequências de agora carregam conosco nosso passado, nossas atitudes, nossas escolhas. E elas não apenas nos afetam, mas a todos ao redor, às vezes da maneira que você menos espera, às vezes do modo que você não queria.

O filme gira em torno de duas tramas: Luke (Ryan Gosling) é um motociclista hábil que reencontra uma ex-namorada e descobre que eles tiveram um filho, em seu dever de pai, procura fixar-se em um emprego para sustentar seu filho mas acaba partindo para assaltos a bancos, batendo de frente com Avery Cross (Bradley Cooper), um policial que obteve êxito em uma ocorrência no meio de uma patrulha de rotina e é condecorado como herói, e com a ambição de querer subir na corporação, decide lutar contra a corrupção lá de dentro, o que o torna um famoso político, porém o destino de ambos entrarão em rota de colisão novamente.

As duas famílias de cada trama possui situações financeiras e estruturais diferentes, seguindo uma da outra  de forma linear aos acontecimentos que ocorrem na tela, flui de uma maneira natural e consegue abranger todos os personagens presentes, graças à excelente direção de Derek Cianfrance (Namorados Para Sempre, Blue Valentine, 2010), que tem um excelente domínio de câmera durante o longa, principalmente no começo em que há um plano-sequência que acompanha Luke de seu trailer até uma apresentação de globo da morte, até a perseguição policial filmada de dentro da viatura, e o cineasta ainda consegue dar espaço para todos os atores trabalharem. A fotografia é linda e enaltece bastante as cores vivas, que valoriza os planos aberto em meio aos pinheiros que rodeiam a cidade, como descrito no título original.

Enquanto ao elenco, Ryan Gosling mais uma vez se define como um dos melhores atores da atualidade, Bradley Cooper também demonstra que tem jeito para o drama e está amadurecendo a sua própria carreira, quanto aos atores secundários, Eva Mendes surpreende como Romina, uma mulher já envelhecida pelo tempo e pelas marcas do passado e até os mais novos do elenco - Dane DeHaan e Emory Cohen - surpreendem em seus papéis como dois rapazes que entram em meio ao furacão quando o passado vem à tona; Ben Mendelsohn, de O Homem da Máfia (Killing Them Softly, 2012) têm um papel secundário de pouco destaque, mas consegue ter uma presença de cena como um mecânico decadente que mora no meio do mato.

A direção de atores é competente e surpreende como Ryan Gosling e Eva Mendes interpretam ao lado do bebê que faz o filho deles na ficção, a sensibilidade dos intérpretes tanto quanto do diretor, que instrui os atores de modo a captar a mais bela e natural sensação de uma família de verdade, que o espectador sente apenas naquela cena em específica em grande intensidade, e reforçada na narrativa por uma fotografia velha e amassada que guardava aquele breve e único momento de felicidade.

Derek Cianfrance cria uma obra com atuações marcantes, e conduz seus personagens a situações extremas e os põe em rota de colisão, onde futuro, presente e passado entram em atrito, marcas voltam à tona e caminhos distintos decidirão seus destinos e levarão seus personagens até as últimas consequências. O Lugar Onde Tudo Termina é sobre que vai e fica guardado, armazenado nas lembranças e no tempo.

Nota: 9,0/10,0




Trailer:

Notícia: Primeiro Trailer de O Hobbit - A Desolação de Smaug

Saiu o primeiro trailer de O Hobbit - A Desolação de Smaug, a segunda parte da trilogia baseada no livro O Hobbit, de J.R.R. Tolkien, que apresentou a Terra-Média.

Confira o trailer:

Dirigido por Peter Jackson, o elenco contará também com Orlando Bloom voltando ao papel do Legolas após a trilogia de O Senhor dos Anéis, Evangeline Lilly (da série Lost) como a elfa Tauriel e Luke Evans (o arqueiro Bard).

O filme estreia em 13 de Dezembro.

segunda-feira, junho 10

Crítica: Ken Park (2002)



Por Wendell Marcel

"As mazelas da vida privada".


O texto a seguir contém partes do filme, leia pondo sua conta em risco.

Igual como acontece com várias obras que "transgridem" as regras de exibição de imagens inapropriadas para certo tipos de espectadores (o que é estabelecido em todos os países uma faixa etária), Ken Park não foi exibido em muitos países (aqui no Brasil participou de alguns festivais), provocou discussões sérias sobre o limite da imagem cinematográfica e assustou muitos cinéfilos que imaginavam ser um filme diferente sim, mas não tão eloquente como se poderá observar. Em muitos cinemas, foi visto pela metade, enquanto o público saía das salas; os críticos se negavam a assistir e julgar uma obra tão repulsante.

Quatro amigos vivem numa pequena cidade da Califórnia, em Visalia. A introdução do primeiro ato é acompanhar o skatista Ken Park cometendo suicídio em plena praça da cidade, na frente de todo mundo. A história dele é desenvolvida no final do filme, sendo, claro, o ápice do enredo. Em seguida quatro amigos são apresentados ao público: Shawn vive um intenso relacionamento sexual às escondidas com a mãe de sua namorada; Tate é um jovem problemático que agride verbalmente seus avós e tem compulsão por masturbar-se amarrado pelo pescoço; Claude, apaixonado por skate, é criado por uma mãe que não abre os olhos de que o seu marido violenta e acusa o seu filho de ser homossexual; e a única garota do grupo, Peaches, finge ser inocente para o pai viúvo, fanático religioso, que lhe espanca depois de presenciar ela transando (ou tentando) com o namorado. A narrativa é não-linear, contando a história dos amigos e interligando os comentários feito por um suposto narrador.

O filme de Larry Clark (Kids, 1995 e Destricted, 2006) e Edward Lachman é um detentor de critérios além do que a imagem aparentemente possa oferecer. Muitas questões relativas a sexualidade, vida privada, drogas, alcoolismo, abuso, incesto, religião e instituições sociais falidas, dos jovens e dos pais, utilizam bem da imagem para fornecer novas formas de observar a realidade. Aliás, o filme colabora com isso: os atores são ótimos, a ação é levada com muita naturalidade e a história é contada subjetivamente, porém com intensidade e clareza. São dádivas da obra, falar de temas tão profundos e complexos da vida familiar, mas com tamanha competência de estudá-los mesmo que superficialmente (o filme é bem curto) boa parte do jantar de propostas.

A respeito da naturalidade, a palavra deve ser entendida em seu sentido original. São cenas de sexo explícito e orgãos genitais eretos à mostra. No caso da sequência que mostra Tate se masturbando no quarto, os espectadores são observadores, munidos por todos os ângulos e closes. É interessante por que não poderia ser diferente realizar um estudo tão competente da sociedade atual dos jovens (para a época, mas do presente), com seus problemas de violência e sexualidade, sem ver o verdadeiro cru da história. É um choque, sim! Mas necessário. O cinema suporta pênis e vaginas quando estes são "filosoficamente usados", e por eles utilizados como ferramentas de dar sentido e correr do filme.

Por esse motivo, Ken Park é um filme underground (que é repelido, insustentável, subordinado a não aparecer, diferente, que foge aos padrões culturais habituais) de qualidade e superior aos demais, já que é sincero em sua proposta, e por que não, é bem filmado. A qualidade deste cinema relembra outros bons títulos que fala do tema tão exposto e difícil de ser contado aos espectadores (Alpha Dog, 2006 e Elefante, 2003 e Precisamos Falar Sobre Kevin, 2011).

Os quatro jovens centrais da história, quando se reúnem conversam sobre todos os temas possíveis. No entanto, apesar dos quatro conversarem frequentemente, nenhum deles conhecem os problemas dos outros. O pai sexualmente instável e com emoções repelidas; a mãe gata insatisfeita com a vida de casada, encontrando no jovem namorado da filha consolo e atenção, além da nova experiência sexual; o garoto com problemas psiquiátricos que mata os avós a facadas enquanto eles dormem, por eles não saberem jogar o jogo dos pontos; o homem viúvo super-protetor que se aproveita emocionalmente da filha amargurada, esta liberando suas emoções reprimidas em orgias ménage à trois. Essa é a noção de entendimento que temos a observar a magnífica obra de Clark e Lachman: a sociedade está doente, e os nossos jovens estão sofrendo calados por isso. A evolução de um vírus que infecta a raiz e adoenta os adultos.

A ferida do nojo e da repulsa é tocada, incomodada nos espectadores, e aqueles que não tiverem estômago para assistir o que todos conhecem como verdade, vão propor análises falsas e hipócritas do filme, o que na verdade ele critica com sabedoria. A sociedade falsa, estranha, da falta de diálogos; a população que assiste em suas tv's a violência das grandes cidades, mas que fecham os olhos e tapam os ouvidos para as mazelas de suas famílias. A mazela da vida privada.

O Ken do início é a mesma vítima do Ken do final. Só que justificado, o que o torna mais ou menos justificável.

Nota: 8,5/10,0




Trailer: