sábado, dezembro 21

Crítica: O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013)


Por Kaio Feliphe


"Mesmo repetindo erros dos outros filmes da saga,
a segunda parte d'O Hobbit ainda é uma experiência agradável."

A nova saga de Peter Jackson sobre o universo do escritor britânico J. R. R. Tolkien já nasceu contestada. Desde que foi anunciado que a adaptação de O Hobbit, obra homônima de aproximadamente 300 páginas, seria dividida em três filmes, a maioria dos fãs e da crítica torceu o nariz. Depois de dois filmes, será que a sensação é a mesma?

Há um ano era lançado O Hobbit: Uma Jornada Inesperada [The Hobbit: An Unexpected Journey, 2012], primeira parte da nova trilogia de Jackson. Mesmo com uma recepção morna dos críticos, o filme faturou mais de US$ 1 bilhão, o que mostra que o grande público amou rever aquele universo nas telonas. E agora, no fim de 2013, é lançada a segunda parte da aventura de Bilbo Bolseiro, O Hobbit: A Desolação de Smaug [The Hobbit: The Desolation of Smaug, 2013].

Diferentemente do primeiro filme, A Desolação de Smaug não possui introdução, apenas a continuação da saga de Bilbo (Martin Freeman) e os anões. Esse fato apenas ressalta uma coisa, a duração do filme era desnecessária. A falta de apresentações, na teoria, deveria deixar a obra mais dinâmica, focando apenas no desenrolar da história. Mas Jackson divide a narrativa em três arcos: Bilbo e os anões em sua jornada em direção à Montanha Solitária; a investigação de Gandalf sobre um novo poder maligno sobre a Terra-Média; e o romance entre o anão Kili e a elfa Tauriel. Isso apenas prejudica o ritmo do filme. Várias vezes (principalmente na segunda metade) a aventura principal é deixada de lado para focar nas subtramas de Gandalf e do casal.

Aliás, o personagem de Ian McKellen é muito mal aproveitado no filme. Além de não ficar muito tempo em cena, sua storyline é completamente desnecessária, feita apenas para cobrir as quase três horas de filme. O mesmo se aplica ao casal Kili e Tauriel (personagem criada por Peter Jackson, o que gerou um certo desgosto em alguns fãs mais árduos da obra de Tolkien). O arco dos dois é bem sem graça, o que gera uma quebra de ritmo na parte final.

Mas o grande trunfo do filme é o dragão que dá título ao filme. Smaug (muito bem dublado por Benedict Cumberbatch) é brilhantemente construído pelos efeitos especiais. Vê-lo passeando pelo tesouro de Erebor é de encher os olhos; além de que as cenas entre ele e Bilbo são muito bem orquestradas por Jackson. Entretanto, Smaug protagoniza um dos momentos mais duvidosos da obra. Fica bem difícil de aceitar que, um dragão capaz de encontrar Bilbo usando o Um Anel não conseguiria perceber vários anões passando de baixo do seu nariz, literalmente.

Outro fator que tira o brilho d’A Desolação de Smaug é a sensação de ser um filme “pela metade”. O final é quase broxante, pois todos os eventos que Jackson cria nesse segundo serão resolvidos na parte final da trilogia. Juntando isso ao fato de que a obra também não tem introdução, A Desolação de Smaug se torna um filme que quase não se sustenta sozinho.

Mesmo contendo vários problemas e sendo inferior ao seu antecessor, a segunda parte da trilogia O Hobbit ainda é uma experiência agradável. Ver a materialização de Peter Jackson do universo de Tolkien é bastante admirável. Ainda sim, a decisão de estender a saga em três filmes parece bastante equivocada. O que nos resta agora é esperar um ano e ver o que Jackson reserva para o final da aventura pela Terra-Média.

Nota: 6.5/10.0




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