quinta-feira, janeiro 30

Crítica: Ela (2013)


Por Maurício Owada

"Spike Jonze mostra que se existe amor material ou virtual, 
a autenticidade das emoções é relativa"

Em um futuro não muito distante vive Theodore (Joaquin Phoenix), um homem que relativamente não está de bem com a vida, anda deprimido e isolado do mundo e de seus amigos, que escreve cartas de amor encomendadas de remetentes para certos destinatários, já que outras pessoas não sabem se expressar bem. Ele é admirado pelo seu colega de trabalho pela tamanha sensibilidade com que as escreve; no entanto, a felicidade que tinha outrora com seu emprego, vê agora como um ofício onde perdeu a mão, não se contenta com as coisas que faz e com que o rodeava: ele estava infeliz. Até o dia em que decide comprar um OS (Sistema Operacional) que serve para atender todas as necessidades do ser humano, que possui uma inteligência artificial com senso de humor e compreensão mais subjetiva das coisas, o que a/o torna um companheiro que praticamente se comporta como um ser humano e logo, ambos estão apaixonados um pelo outro.

Spike Jonze já tinha realizado esse tipo de abordagem no curta-metragem I'm Here (confira o curta aqui), aonde dois robôs possuíam uma paixão, cada um com um espírito bastante diferente: um era mais reservado, enquanto a moça era mais aventureira, queria viver, mas se completavam, ambientado num mundo contemporâneo. Aqui a dinâmica é diferente, já que Theodore é uma pessoa que cria uma relação firme com seu Sistema Operacional chamado Samantha, que possui a envolvente voz de Scarlett Johansson, num trabalho excelente, um dos alicerces da obra, com sua voz aveludada, alterna entre momentos de descontração e de melancolia, trazendo as emoções que estavam faltando na vida de Theodore e que o faz amadurecer no âmbito das relações humanas.

Aliás, Theodore é um personagem que reflete boa parte das pessoas hoje em dia, escondidas nos cascos da internet e do mundo virtual, mesmo assim Spike Jonze não condena o uso da tecnologia em troca da interação humana real, sendo que ironicamente, o protagonista descobre numa inteligência artificial a felicidade e a vontade de viver, fazendo assim também que tenha que encarar certos conflitos que encararia ou já encarou na vida real, que o marcou profundamente e aos poucos, lhe causou um distanciamento doloroso de sua antiga amada, que aparece em flashbacks fragmentados e silenciosos e em uma pequena e importante passagem na pela de Rooney Mara. Então, no fim, é obviamente que certas circunstâncias criam atritos entre o casal da história e trás uma reflexão não só sobre o relacionamento amoroso, mas dos relacionamentos humanos como um todo e diversas relações são descritas no roteiro genial e sensível de Spike Jonze.

Com uma direção de arte sutil, que mescla o mundo contemporâneo com alguns elementos futurísticos, ainda assim, os objetos de cena não criam uma estética futurística muito exagerada, é aliás, bastante baseada nos design dos celulares e computadores, aonde mouses e controles foram trocados pelo toque das mãos e games avançados que interagem com os seres humanos. Não é o progresso tecnológico opressor conhecido nas obras cyberpunks, mas também não é visão super otimista dela, pois a estória é recheada de uma melancolia que não chega a ser sombria e claustrofóbica, mas retrata a nossa solidão, talvez porque sejamos mesmo seres difíceis de interagir e compreender (e auto-compreender) e quem cria a tecnologia é o próprio homem; então se Samantha tem seus conflitos internos (assim como HAL 9000 em 2001: Uma Odisséia no Espaço, mas sem a voz e o raciocínio lógico e que preza a sobrevivência) é porque o ser humano empresta suas complexidades de suas necessidades às nossas criações, pensando que a tecnologia plena é sinônimo de progresso e assim, de felicidade, o que é um erro.

Ela (Her) é um belíssimo filme que fala de amor, relações, solidão e nos faz refletir a nossa dependência pelas máquinas e o anseio de interagir com o mundo de forma plena e até perfeitamente harmoniosa, sem as picuinhas e sem as complexidades inúteis e supérfluas, aonde problemas surgem, aparentemente, do nada e se baseiam em sentimentos confusos, mas isso tudo é uma utopia, mesmo que você namore um sistema operacional programado que seja programado para atender suas necessidades.

Nota: 9,5/10,0





Trailer:

Notícia: Trailer de The Rover

Saiu o teaser do segundo filme do diretor David Michôd, The Rover, que dirigiu o filme Reino Animal, que foi indicado ao Oscar de melhor atriz coadjuvante para Jackie Weaver.

Neste teaser, conferimos que Guy Pearce volta a trabalhar com o diretor, com Robert Pattinson também no elenco.

Confiram o trailer:

The Rover se passa num futuro próximo. Quando a última posse de Eric, seu carro, é roubado por um bando de criminosos, ele sai para encontrá-los e é forçado ao longo do caminho a pedir ajuda para Reynolds, membro de uma quadrilha. O filme não tem ainda previsão de estreia.

terça-feira, janeiro 28

Crítica: O Lobo de Wall Street (2013)


Por Kaio Feliphe

"A volta de Scorsese."

Martin Scorsese é um diretor único. Desde o início de sua carreira, lá pelo final da década de 1960, ele não demorava mais que cinco, seis anos para lançar um grande filme. Mas, desde Vivendo no Limite [Bringin Out The Dead, 1999], o diretor vivia uma fase irregular. Apesar de Ilha do Medo [Shutter Island, 2010] ser dos melhores de sua carreira, filmes mornos como Gangues de Nova York [Gangs of New York, 2002] e A Invenção de Hugo Cabret [Hugo, 2011] apareceram com mais frequência entre seus trabalhos.

Porém, em 2013, o diretor voltou à velha forma. Destrinchando a cultura da glamorização e do excesso que rege a América capitalista através do homem e seu império de sexo, drogas e poder, Scorsese nos presenteia com O Lobo de Wall Street [The Wolf of Wall Street, 2013].

Contando a história de Jordan Belfort, um corretor da bolsa de valores que enriqueceu ilegalmente nos anos 1980, o diretor esbanja maestria na condução da narrativa. A câmera enérgica que segue o ritmo alucinante da vida de Jordan, a narração em off e constantes quebras da quarta parede que brincam de maneira genial com o espectador, além do roteiro e da montagem que andam de mãos dadas com a direção. Todos esses elementos já foram vistos em Os Bons Companheiros [Goodfellas, 1990], sua obra-prima, e que aqui estão quase no mesmo nível de qualidade.

Uma das grandes qualidades do filme é a naturalidade como todos os excessos são mostrados na tela. A estética espalhafatosa e situações explícitas são constantes, mas Scorsese nunca perde o domínio da linguagem cinematográfica. Por mais exagerada que alguma sequência possa parecer, ela faz completo sentido na ideia central de expor de maneira surtada a vida de abusos de Belfort. Exemplo disso: como é espantoso ver que uma cena em que um personagem se masturba em público não soa apelativa.

Mas, mais do que tudo, o filme é puramente scorseseano, como há muito tempo não se via. É até curioso quando se traça um paralelo entre O Lobo de Wall Street e outros filmes do diretor, como o já citado Os Bons Companheiros, Cassino [Casino, 1995], e até Touro Indomável [Raging Bull, 1980]. Ambos falam de homens que se tornam pessoas importantes em seus meios e que destroem suas vidas, em consequência de suas personalidades e decisões. Jordan Belfort, Henry Hill, Sam Rothstein e Jake LaMotta são, em sua essência, o mesmo fantoche nas mãos de Scorsese.

O Lobo de Wall Street é um retrato poderoso da sociedade doente que temos. A cultura da ostentação, do desperdício, de não apenas possuir algo, mas ter que esbanjar para todos. E é poderoso graças à abordagem de Scorsese. O diretor não crucifica Belfort pelo que faz, não dá lição de moral, apenas conta, de maneira irônica e sarcástica, a sua história.

Daqui a alguns anos, O Lobo de Wall Street será lembrado como um dos melhores trabalhos de um dos maiores diretores de todos os tempos. Muito merecidamente.

Nota: 9.0/10.0




Trailer:


domingo, janeiro 26

Notícia: Alfonso Cuarón vence o DGA 2014

O diretor Alfonso Cuarón confirma seu favoritismo na categoria de melhor diretor no filme Gravidade, após vencer o prêmio do Sindicato dos Diretores, o Directors Guild Awards, além de seu filme já ter empatado com 12 Anos de Escravidão no PGA em melhor filme, e o prêmio de melhor direção também no Globo de Ouro e no Critics Choice Awards.

Criado desde 1948, a premiação costuma acertar o vencedor da categoria, o que o torna em um dos fortes termômetros para o Oscar, que ocorrerá no dia 2 de Março, no Teatro Dolby, com a apresentação de Ellen DeGeneres.

sexta-feira, janeiro 24

Sessão Curta+: Danny Boy (2010)

Filme: Danny Boy 
Direção: Marek Skrobecki
RoteiroMarek Skrobecki
Gênero: Animação/Romance
Origem: Japão
Duração: 10 minutos
Sipnose: Um jovem poeta se apaixona em um mundo em que todos perderam a cabeça. Com exceção de Danny Boy, que sendo o único desajustado, sente-se deslocado nessa sociedade. Danny Boy é uma irônica sátira social, fala sobre a exclusão, solidão e imperfeições humanas.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem.

Filme:


terça-feira, janeiro 21

9 filmes selecionados: sobre Terror

Por Kaio Feliphe

Mesmo em constante evolução, seja biológica, tecnológica ou social, o ser humano nunca deixará de ser um animal. Um animal selvagem e, ao mesmo tempo, civilizado.

Sendo assim, certas situações trazem à tona algumas das emoções mais intrínsecas do homem; uma delas é o medo. E o Cinema é, por vezes, o catalisador dessa emoção. Com isso, o E Aí, Cinéfilo, Cadê Você escolheu nove filmes que ajudam o espectador a despertar esse sentimento tão inerente à raça humana.

9. A Bruxa de Blair, de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez (1999)

8. A Hora do Pesadelo, de Wes Craven (1984)

7. O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski (1968)


6. O Ciclo do Pavor, de Mario Bava (1966)

5. Halloween: A Noite do Terror, de John Carpenter (1978)

4. Prelúdio Para Matar, de Dario Argento (1975)

3. O Exorcista, de William Friedkin (1973)

2. O Enigma de Outro Mundo, de John Carpenter (1986)

1. Terror nas Trevas, de Lucio Fulci (1981)

segunda-feira, janeiro 20

Notícia: Os vencedores do PGA 2014

Um dos principais termômetros do Oscar, o Producers Guild Awards, divulgou a lista de seus candidatos. Conhecido por acertar grande parte dos agraciados pelo Oscar de melhor filme, 17 vencedores do PGA de 24 ao total, levaram a estatueta de melhor produção da Academia.

Se as apostas este ano estavam quentes e bastante imprevisíveis entre os principais favoritos, a coisa ficou mais confusa após rolar um empate.

Confiram os vencedores:

Melhor filme

Gravidade
12 Anos de Escravidão

Melhor animação

Frozen - Uma Aventura Congelante

Melhor documentário

We Steal Secrets: The Story of WikiLeaks

domingo, janeiro 19

Sessão Curta+: Ela e o Seu Gato (1999)


Filme: Ela e o Seu Gato (Kanojo to Kanojo no neko)
Direção: Makoto Shinkai
Roteiro: Makoto Shinkai
Gênero: Animação/Drama
Origem: Japão
Duração: 5 minutos
Sipnose: Mostra parte de uma vida anônima a partir do momento em que adota um gatinho que foi abandonado em sua porta. Sobre o inocente ponto de vista do gatinho Chobi, nos é contado um pouco de seu cotidiano e descobrimos que ele se apaixonou por sua dona e que ela está diante de um conflito pessoal que está deixando-a muito deprimida. Em seu pequeno mundo, Chobi não consegue entender os acontecimentos, apenas sente que algo está errado. Essa história fala de amor na sua forma mais pura e simples, sem esperar nada em troca, apenas dois confidentes que dividem juntos a solidão de suas vidas.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem.

Filme:


quinta-feira, janeiro 16

Crítica: 12 Anos de Escravidão (2013)


Por Maurício Owada

"Eu não quero sobreviver, eu quero viver - Solomon Northup"

Sem o ufanismo da figura pública de Lincoln (idem, 2012) e o banho de sangue de Tarantino em Django Livre (Django Unchained, 2012), o diretor Steve McQueen lança seu olhar humanista e agoniante da condição humana no contexto da escravidão nos EUA, antes da Guerra Civil Americana. Baseado no livro escrito pelo próprio Solomon Northup, um homem negro livre que foi sequestrado de onde vivia em Nova York e levado com outro nome - Platt - para o Sul e vendido como escravo.

Solomon foi um homem que lutou pela abolição, após sua libertação de 12 anos de trabalho forçado, castigos, abusos e solidão e quem o interpreta durante esses longos de anos de sofrimento é o ator britânico Chiwetel Ejiofor, numa atuação de pura entrega que comove imensamente. Com uma montagem sutilmente não-linear, ele mostra a vida de cidadão livre vivido pelo personagem e as correntes que o prendem nas senzalas, dividindo o seu espaço com outros negros, que surgem de cantos diferentes e cada um com sua própria história e cada um reage ao seu modo quando é capturado, seja caindo aos prantos ou usando de suas habilidades para sobreviver.

O excelente roteiro de John Ridley não ameniza o sofrimento e as situações de vida ou morte que os personagens passam e a perversidade no tratamento aos negros apenas por achá-los inferiores, expõe a ignorância ou orgulho, bastante exposto nas atuações de Paul Dano, o capataz da fazenda de William Ford (Benedict Cumberbatch) que se sente intelectualmente superado por Platt/Solomon e Michael Fassbender como o violento e paranóico fazendeiro Edwin Epps, que possui uma doentia obsessão por Patsey, num trabalho também excelente de Lupita Nyong'o e Brad Pitt, produtor do filme, que aparece em uma pequena, mas importante participação na trama. A cena da Bíblia como argumento para os castigos aos escravos demonstra, assim como a aula de ciência macabra de DiCaprio em Django Livre, o uso de teorias, dogmas e crenças para justificar tratamentos desumanos que realmente ocorreram, como o darwinismo social.

Steve McQueen não conta uma história de superação de anos de sofrimento, o diretor retrata o ser humano nas condições mais precárias e terríveis possíveis, a mercê dos atos de homens que empunham o chicote e açoita não só o corpo, mas também a alma daquelas pessoas que só procuram um pouco de dignidade. As mãos calejadas, as costas rasgadas e o corpo cansado desses homens, mulheres, velhos e crianças tentam encontrar nos pequenos momentos como uma forma de tentar amenizar aquela realidade.

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) não se baseia em discussões raciais ou sociais para mostrar os males da escravidão, pois a vida desses negros escravos já é o suficiente - são seres humanos, como diz o personagem de Brad Pitt e se é algo que já não precisava ser dito naquela época, cujo racismo era influenciado por uma cultura de superioridade impregnada nas sociedade, é impressionante que ainda, em pleno século XXI, velhos preconceitos retornem na base da religiosidade como argumento da realidade, não só nos parâmetros raciais, mas também de orientação sexual, religioso etc... e ainda precisamos dizer que eles (e nós) são seres humanos.

Nota: 9,5/10,0




Trailer:


Notícia: Indicados ao Oscar 2014

Saiu a lista dos indicados ao Oscar 2014, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que foi divulgado hoje, às 11h30 (horário de Brasília).

Confira os indicados:

Melhor filme

Gravidade
12 Anos de Escravidão
Capitão Phillips
Trapaça
O Lobo de Wall Street
Ela
Nebraska
Clube de Compras Dallas
Philomena

Melhor diretor

Martin Scorsese, por O Lobo de Wall Street
David O. Russell, por Trapaça
Alexander Payne, por Nebraska
Alfonso Cuarón, por Gravidade
Steve McQueen, por 12 Anos de Escravidão

Melhor ator

Christian Bale, por Trapaça
Leonardo DiCaprio, por O Lobo de Wall Street
Bruce Dern, por Nebraska
Chiwetel Ejiofor, por 12 Anos de Escravidão
Matthew McConaughey, por Clube de Compras Dallas

Melhor atriz

Cate Blanchett, por Blue Jasmine
Amy Adams, por Trapaça
Judi Dench, por Philomena
Sandra Bullock, por Gravidade
Meryl Streep, por Álbum de Família

Melhor ator coadjuvante

Jonah Hill, por O Lobo de Wall Street
Jared Leto, por Clube de Compras Dallas
Michael Fassbender, por 12 Anos de Escravidão
Barkhad Abdi, por Capitão Phillips
Bradley Cooper, por Trapaça

Melhor atriz coadjuvante

Sally Hawkins, por Blue Jasmine
Julia Roberts, por Álbum de Família
Lupita Nyong'o, por 12 Anos de Escravidão
Jennifer Lawrence, por Trapaça
June Squibb, por Nebraska

Melhor roteiro adaptado

Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke, por Antes da Meia-Noite
Billy Ray, por Capitão Phillips
John Ridley, por 12 Anos de Escravidão
Steve Coogan, por Philomena
Terence Winter, por O Lobo de Wall Street

Melhor roteiro original

Woody Allen, por Blue Jasmine
David O. Russell e Eric Singer, por Trapaça
Spike Jonze, por Ela
Bob Nelson, por Nebraska
Craig Borten e Melissa Wallack, por Clube de Compras Dallas

Melhor filme estrangeiro

A Grande Beleza, da Itália
A Caça, da Dinamarca
Alabama Monroe, da Bélgica
Omar, da Palestina
The Missing Picture, da Camboja

Melhor filme de animação

Vidas ao Vento
Os Croods
Frozen: Uma Aventura Congelante
Meu Malvado Favorito 2
Ernest & Celestine

Melhor documentário

O Ato de Matar
Cutie and the Boxer
Dirty Wars
The Square
20 Feet From Stardom

Melhor trilha sonora

A Menina Que Roubava Livros
Gravidade
Ela
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
Philomena

Melhor canção original

Ordinary Love - Mandela
The Moon Song - Ela
Let It Go - Frozen: Uma Aventura Congelante
Alone Yet Not Alone - Alone Yet Not Alone
Happy - Meu Malvado Favorito 2

Melhor edição

Trapaça
Capitão Phillips
Clube de Compras Dallas
Gravidade
12 Anos de Escravidão

Melhor edição de som

All is Lost
Gravidade
O Hobbit: A Desolação de Smaug
Capitão Phillips

Melhor mixagem de som

Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum
Gravidade
O Hobbit: A Desolação de Smaug
Capitão Phillips

Melhor fotografia

Nebraska
Gravidade
Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum
O Grande Mestre
Os Suspeitos

Melhor direção de arte

Trapaça
Gravidade
12 Anos de Escravidão
O Grande Gatsby
Ela

Melhor design de produção

Trapaça
Gravidade
12 Anos de Escravidão
Ela
O Grande Gatsby

Melhores efeitos visuais

Gravidade 
O Hobbit: A Desolação de Smaug
Homem de Ferro 3
O Cavaleiro Solitário
Além da Escuridão - Star Trek

Melhor figurino

Trapaça
12 Anos de Escravidão
O Grande Gatsby
O Grande Mestre
The Invisible Woman

Melhor maquiagem e penteado

O Cavaleiro Solitário
Vovô Sem Vergonha
Clube de Compras Dallas

Melhor curta

Aquel No Era Yo (em inglês, "That Wasn't Me")
Avant Que De Tout Perdre (em inglês, "Just Before Losing Everything")
Helium
Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa? (em inglês, "Do I Have to Take Care of Everything?")
The Voorman Problem


Melhor curta de animação

Feral
É Hora de Viajar
Mr. Hublot
Possessions
Room of the Broom

Melhor curta de documentário

CaveDigger
Facing Fear
Karama Has No Walls
The Lady in Number 6: Music Saved My Life
Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall

quarta-feira, janeiro 15

Notícia: Nick Nolte é adicionado no filme Noah


Em um dos trechos da Bíblia, mencionada em Genesis 6:4, é mencionado o Nefilim (veja significado aqui). O filme Noé, de Darren Aronofsky, que será um tipo de revisitação da história bíblica em que a Terra é coberta por um dilúvio.

O nefilim citado no parágrafo acima se refere aos gigantes que habitavam a Terra, segundo a escritura, que por sua vez, construído digitalmente, terá voz do ator Nick Nolte.

Com Russell Crowe, Jennifer Connely, Emma Watson, Logan Herman, Ray Winstone, Douglas Booth, Kevin Durand, Martin Czokas e Anthony Hopkins, como Matusalém.

O filme está marcado para o dia 28 de Março.

segunda-feira, janeiro 13

Notícia: Novo filme de Richard Linklater que demorou 12 anos pra terminar estreia em Sundance

Após estrear Antes da Meia-Noite no Festival de Sundance, o diretor Richard Linklater voltará este ano com seu próximo filme intitulado Boyhood, segundo o próprio festival e cuja filmagem demorou doze anos para terminar.

Estrelando Ethan Hawke e Patricia Arquette, como um casal divorciado tentando criar o seu filho (Ellar Coltrane), o diretor vêm filmando cenas todo ano desde 2002, seguindo o envelhecimento natural dos atores, parecido com o que Linklater fez na trilogia que se iniciou com Antes do Amanhecer, terminando ano passado em Antes da Meia-Noite, só que mais gradual e num filme só.

O Festival de Sundance irá ocorrer na data de 16 a 26 de Janeiro, sendo que o filme será exibido no dia 19, num sábado.

domingo, janeiro 12

Notícia: Vencedores Globo de Ouro 2014



A festa aconteceu no último domingo, dia 12, e premiou alguns nomes já conhecidos do público e outros que estão sendo reconhecidos só agora pelos seus trabalhados. 


12 anos de Escravidão, de Steve McQueen (II)
Confiram os vencedores:

Melhor Filme - Drama
12 anos de Escravidão

Melhor Filme - Comédia ou Musical
Trapaça

Melhor Ator - Drama
Matthew MacConaughey por Clube de Compras Dallas

Melhor Ator - Musical ou Comédia
Leonardo DiCaprio por O Lobo de Wall Street

Cate Blanchett vence Melhor Atriz - Drama
por Blue Jasmine, filme de Woody Allen

Melhor Atriz - Drama
Cate Blanchett por Blue Jasmine

Melhor Atriz - Comédia ou Musical
Amy Adams por Trapaça

Melhor Ator Coadjuvante 
Jared Leto por Clube de Compras Dallas

Melhor Atriz Coadjuvante
Jennifer Lawrence por Trapaça

Alfonso Cuarón leva seu troféu
de Melhor Diretor por Gravidade
Melhor Diretor
Alfonso Cuarón por Gravidade

Melhor Roteiro
Spike Jonze por Ela

Melhor Filme em Língua Estrangeira
A Grande Beleza

Melhor Filme de Animação
Frozen - Uma Aventura Congelante

Melhor Trilha Sonora Original
All Is Lost

Melhor Canção Original
Mandela por Ordinary Love

sábado, janeiro 11

Notícia: Novo filme de Quentin Tarantino já tem nome e elenco à vista

Parece que a espera por um novo filme do cineasta Quentin Tarantino vai demorar um pouco  mais que o esperado. Após Django Livre, o diretor e roteirista tinha anunciado que seu próximo filme seria mais um western. "Eu me diverti muito com Django, e eu amo tanto faroestes que após aprender a mim mesmo a como fazer um, agora está OK! Deixem-me fazer outro agora que eu saberei o que estou fazendo", declarou ele.

Sem muitos detalhes, Tarantino reportou ao Deadline que já está em processo de roteirização. Intitulado como The Hateful Eight, o diretor já está de olho em dois atores, o recente colaborador e ganhador das duas indicações ao Oscar que recebeu como melhor ator coadjuvante, Christoph Waltz, por Bastardos Inglórios e Django Livre (ambos do diretor) e o veterano ator Bruce Dern, que está rodando pela temporada de premiações pela sua elogiada atuação no filme Nebraska, de Alexander Payne.

Não se sabe quando finalizará o roteiro, ainda mais que o diretor gosta de fazer rascunho para cada ator, para depois dar um passo a frente da pré-produção.

Fonte: Collider

Sessão Curta+: O Espelho (2010)


Filme: Le Miroir
Direção: Laurent Fauchere e Antoine Tinguely
Roteiro: Laurent Fauchere e Antoine Tinguely
Gênero: Drama
Origem: Suiça
Duração: 6 minutos
Sipnose: O curta conta a história de um homem, de sua infância até a velhice, através do espelho.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem.

Filme:


quarta-feira, janeiro 8

Crítica: Sem Novidade no Front (1930)


Por Wendell Marcel

"A guerra sem volta"

A questão que leva um homem ir para a guerra defender o seu país, deixando para trás a sua família e amores, o berço social onde nasceu e viveu até a mais jovial idade, é de extrema e sociológica complexidade. A análise pode seguir o composto construção social, de pertencimento que esse indivíduo tem com sua nação, o desenvolvimento de costumes e o caráter formado através das influências dos seus pais e a mais importante intervenção da escola (instituições sociais), onde lá pratica com seus iguais relações interpessoais, psicológicas e ambientais. O fato dele morar e assim se apaixonar por sua terra, provoca nesse sujeito a importância de que aquele espaço é sua pátria e que é dever dele protegê-la e resguardá-la. Essa premissa funde com a complicação de quando sua nação é quem quer destronar outro território, assim a história desvela mais e mais questões sobre a rixa entre os governantes, reis e czars. Outros rabiscos são postos na chapa da dúvida humana: no período de guerra, o homem é um ser coletivo, e o uni não existe? Como se comportar em uma guerra pensando o coletivo, sendo que cada pessoa possui sua própria particularidade? Matar o outro para fazer viver os seus é compreensível n'um momento tão insustentável como é o campo de batalha? E as marcas deixadas pela guerra, eu defendo o meu país e não sinto mais as mesmas sensações por ele depois de ouvir as balas percorrerem meus ouvidos, e ver o meu parceiro ser destruído, fisicamente e psicologicamente pelos canhões do adversário, e ao término do dia deitar minha cabeça no travesseiro enquanto corpos apodrecem nos arredores dos ringues de batalha. Notoriamente, meu discurso se transforma, talvez, na mesma sensação de impotência que Paul, protagonista do filme, começa a sentir no final do segundo ato do longa colossal de Lewis Milestone.

Pouco lembrado pelos amantes do cinema, até menos que Vier von der Infanterie, de Pabst, Sem Novidade no Front é uma vitória na transição da equipagem do áudio mudo para o sonoro desta arte que agora falará, com voz, para o espectador. No comecinho da década de 30, a importada anos seguintes por títulos célebres (Tempos Modernos, Aconteceu Naquela Noite, E O Vento Levou), o mais impressionante filme de guerra americano desta década entra para a história, e não só por ter ganho a edição do Oscar pelo qual concorreu. O longa de Milestone acontece quinze anos depois do espetáculo que deixou críticos e amantes da sétima arte estupefatos, O Nascimento de Uma Nação, e abusa de esquemas de enquadramento e movimentação de câmera que fazem rememorar uma série de produções do gênero que visivelmente beberam da fonte deste belíssimo quadro. O campo de batalha é tomado por um passeio sob um travelling cheio de pedras, a fotografia medíocre suja de Arthur Edeson e Karl Freund, deixa tudo ainda mais verossímil; os soldados estão sempre cansados, pedindo o fim daquele absurdo chamado campo de batalha. Eles, homens de pátria e de honra, mais parecem porcos. Eles não almejam vitória, o que querem é qualquer espécie de comida que forram seus estômagos. Não aguentam mais serragem; ficam mais doentes pela falta de acolhimento do Estado do que pelos furos de bala que decepam seus corpos. Eles têm medo de entrar em confronto com o Outro; são jovens que só querem saber de garotas e diversão. No campo de batalha são eles sempre mais jovens, na falta dos que já morreram, um sem números, jogados no terreno minado, como objetos de rastreamento das balas e dos inimigos. Usando de motivos tão inocentes, mas concretos, Milestone declara em seu monumento fílmico que a guerra é um evento em que as pessoas se juntam para confrontar as vicissitudes mais ignorantes da vida e do seu confronto entre iguais: a competição por algo (sim, existe um motivo) que muitos daqueles que lutam, não vão poder saborear. E que sabor é esse de sangue, de ferrugem, de dores de mães, de nações destruídas? É só sangue, dor e destruição que vemos nas imagens de Sem Novidade no Front; é um filme absurdamente beligerante, sim, mas instruído em apresentar o antibelicionismo, a falácia tão difamada pelos insurgentes do cretinismo político territorializador e controlador, o pacifismo. Eu sou agora Paul, o rapaz que caçava borboletas no campo de sua cidade, e que precisa agora destruir um outro rapaz, até mais jovem do que ele.

Meus textos são sempre escritos para aqueles que já viram o filme, por isso a falta de linearidade na cotação da história, contudo uma retrospectiva é pertinente. Sete jovens alemães, ainda estudantes, são iludidos pelo professor a se alistarem no exército, e lutar em favor da nação na primeira guerra mundial. Os rapazes descobrem no primeiro encontro com o campo de batalha o quanto é retratável o conceito ensinado de respeito, solidariedade, instrução e educação na sociedade. Na guerra todo o aprendizado moral é jogado para o alto; e o único respeito que se pode ter naquele momento, é pela vontade de proteger sua nação. Contudo, os corpos se transformam, e voltar para casa depois de uma lesão, e sentir a necessidade de retornar para o campo de batalha, torna-se a essência do soldado. Tudo que ele viveu e aprendeu foi baleado e decepado no campo de batalha. Os sonhos juvenis morreram. Os belos rostos envelheceram dez anos. Como em um jogo de atirar no objeto e derrubá-lo para ganhar um doce, cada um dos sete amigos vão sendo destruídos pela guerra. Nem os melhores e nem os piores sujeitos sobrevivem, porque a guerra faz desaparecer a natureza do homem, sendo ela boa ou má em sua condição pragmática de moral. 

Sem Novidade no Front é baseado no romance best-seller de Erich Maria Remarque, quando o período marcado pela sua escrita era espelhado pelo sentimento da canção "I Didn't Raise My Son To Be a Soldier" (Eu não criei meu filho para ser soldado). Não é reconhecido, mas o filme de Milestone fez Hollywood produzir outros títulos que refizessem a Alemanha do pós-guerra, sendo o mais reconhecido The Road Back, de 1937. Neste mesmo ano, Jean Renoir filma A Grande Ilusão, talvez o retrato mais conhecido sobre a primeira guerra mundial. Os diretores Stanley Kubrick, Abel Gance e William Wyler falaram em seus filmes sobre o ocorrido das trincheiras, e neste terceiro nome, o retorno dos combatentes para suas famílias também é destacado. Nada de Novo no Front, um dos títulos conhecidos pelos leitores de cinema, teve uma refilmagem em 1979 feita para a tevê, e o filme foi restaurado apenas em 1998 para a apreciação mais proveitosa das imagens realistas do confronto armado no campo de batalha. 

Mais como é mágica a câmera de Milestone, mesmo mostrando os horrores da guerra, a cena final, pungente, cruel, que dilacera a alma deste espectador a quem vos escreve, mesmo assim, toma a morte como um voo mais alto. A única cor daquele acinzentado é a borboleta que descreve o toque, que reconstrói/rememora a história de Paul, fazendo referência ao conceito de natureza e religião de Michelangelo em seu afresco "A Criação do Homem". Assim, condicionados a retornar para o ambiente febril de incertezas da guerra, não sabendo o quanto ainda vão viver (contam piadas sobre a morte e dos caixões em que ainda serão enterrados), a lição prática ensinada da primeira grande guerra para o homem é dentre tantas, uma em particular: por que lavar pratos é mais vergonhoso do que matar uma pessoa sem razões tangíveis, ainda que não existam para este leigo que escreve. A primeira guerra é, provavelmente, a mais criticada dentro do cinema, por ser assim, tão inútil e tão horrorosamente desprezível. 

Nota: 9/10





terça-feira, janeiro 7

9 filmes selecionados: sobre Um Cenário Onde (Quase) Tudo Acontece.

Por Maurício Owada

Alguns cineastas preferem uma abordagem mais teatral, com personagens dividindo o mesmo espaço durante todos os atos que dividem uma narrativa, ou a maior parte dela. Sejam conversando sobre algo trivial ou postos sob uma situação estressante ou até mesmo, insano.

Lugares que determinam um destino, uma história ou é recheada de histórias para serem descobertas.

9. Clube dos Cinco, de John Hughes (1985)

8. Cães de Aluguel, de Quentin Tarantino (1992)

7. Um Dia de Cão, de Sidney Lumet (1975)

6. Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock (1948)

5. Repulsa ao Sexo, de Roman Polanski (1965)

4. O Iluminado, de Stanley Kubrick (1980)

3. 12 Homens e uma Sentença, de Sidney Lumet (1957)

2. O Anjo Exterminador, de Luis Bunüel (1962)

1. Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock (1954)

segunda-feira, janeiro 6

Crítica: Bling Ring - A Gangue de Hollywood (2013)


Por Maurício Owada

"O banditismo ostentação"

O último trabalho da cineasta Sofia Coppola seguia por uma áurea enorme na mídia devido a escalação de Emma Watson para interpretar uma garota má e fútil, uma atriz conhecida mais pela imagem da esperta Hermione da franquia Harry Potter. A expectativa acerca de uma diretora e roteirista ganhadora do Oscar e uma atriz que anda saindo da imagem que carregara por anos e o resultado não é exatamente um trabalho primoroso, mas ainda assim, é competente na proposta.

Bling Ring - A Gangue de Hollywood (The Bling Ring) conta a história verídica de uma gangue de adolescentes que marcavam pela internet, roubos de casas de celebridades como Lindsay Lohan, Paris Hilton, Orlando Bloom e companhia, alimentando os seus desejos pelo luxo e estilo de vida dos famosos que estão sob o grande holofote. E após flagrantes por câmeras de segurança, são presos e condenados, mas como estão em Hollywood, é claro que alguns deles aproveitam os flashes de noticiários que estampam a parte policial dos jornais para se auto-promoverem e se tornarem famosos.

Se a direção de Sofia não acrescenta muito na obra, pelo menos o seu roteiro contam com excelentes diálogos que escancara nos primeiros minutos uma juventude cínica e materialista, se escondendo na pele do bom samaritano. Fumando maconha, cheirando cocaína, tomando as bebidas mais caras e frequentando as baladas mais luxuosas, as meninas e o garoto homossexual com problemas de autoestima buscam aquilo contido nas letras de RAPs ostentação que as garotas ouvem em seus carros caros, que fala e venera drogas, sexo e luxo, tudo que pode ser comprado com dinheiro - essas cenas criam um contraponto interessante: garotada branca de bairro rico ouvindo músicas de um gênero musical originário dos bairros negros pobres, que adquiriu uma vertente que saia do caráter de protesto e retrato da realidade para idolatrar o luxo trazido pelo dinheiro.

Apesar de um ótimo elenco, com Israel Broussard fazendo o garoto gay Marc, que trabalha com sutileza na caracterização de seu personagem, não caindo na armadilha do caricato, Katie Chang lidera a gangue como Rebecca Ahn que esconde uma pessoa de intenções misteriosas, mas é o talento de Emma Watson (e a câmera) que a destaca com mais tempo de tela em relação às outras atrizes, aparecendo mais nos flashbacks, a jovem atriz esbanja cinismo e falsidade na composição de sua personagem e demonstra o talento de alguém que está conseguindo se desprender da imagem de uma personagem que manteve por muitos anos no início de carreira. Apesar do notável talento, esse destaque em cima da atriz acaba ofuscando o tempo de outros atores, criando um desequilíbrio no desenvolvimento de todo o elenco.

Bling Ring não é um trabalho ao nível de Encontros e Desencontros (Lost in Translation), mas ainda assim competente no que passa ao público e retrata uma juventude que se agarra a ídolos vazios de cotidianos luxuosos, que não deixa de ser diferente aqui no Brasil (mas com uma dinâmica e circunstância bem diferentes), com o funk ostentação se tornando uma lição de vida para jovens pobres na favela subirem na vida, enquanto jovens de classe alta assaltam para se ter além da mesada alta, uma vida de pura ostentação; mas é claro, para se ter, todos precisam correr atrás do seu jeito... mesmo roubando.

Nota: 7,0/10,0



 Trailer: