segunda-feira, janeiro 6

Crítica: Bling Ring - A Gangue de Hollywood (2013)


Por Maurício Owada

"O banditismo ostentação"

O último trabalho da cineasta Sofia Coppola seguia por uma áurea enorme na mídia devido a escalação de Emma Watson para interpretar uma garota má e fútil, uma atriz conhecida mais pela imagem da esperta Hermione da franquia Harry Potter. A expectativa acerca de uma diretora e roteirista ganhadora do Oscar e uma atriz que anda saindo da imagem que carregara por anos e o resultado não é exatamente um trabalho primoroso, mas ainda assim, é competente na proposta.

Bling Ring - A Gangue de Hollywood (The Bling Ring) conta a história verídica de uma gangue de adolescentes que marcavam pela internet, roubos de casas de celebridades como Lindsay Lohan, Paris Hilton, Orlando Bloom e companhia, alimentando os seus desejos pelo luxo e estilo de vida dos famosos que estão sob o grande holofote. E após flagrantes por câmeras de segurança, são presos e condenados, mas como estão em Hollywood, é claro que alguns deles aproveitam os flashes de noticiários que estampam a parte policial dos jornais para se auto-promoverem e se tornarem famosos.

Se a direção de Sofia não acrescenta muito na obra, pelo menos o seu roteiro contam com excelentes diálogos que escancara nos primeiros minutos uma juventude cínica e materialista, se escondendo na pele do bom samaritano. Fumando maconha, cheirando cocaína, tomando as bebidas mais caras e frequentando as baladas mais luxuosas, as meninas e o garoto homossexual com problemas de autoestima buscam aquilo contido nas letras de RAPs ostentação que as garotas ouvem em seus carros caros, que fala e venera drogas, sexo e luxo, tudo que pode ser comprado com dinheiro - essas cenas criam um contraponto interessante: garotada branca de bairro rico ouvindo músicas de um gênero musical originário dos bairros negros pobres, que adquiriu uma vertente que saia do caráter de protesto e retrato da realidade para idolatrar o luxo trazido pelo dinheiro.

Apesar de um ótimo elenco, com Israel Broussard fazendo o garoto gay Marc, que trabalha com sutileza na caracterização de seu personagem, não caindo na armadilha do caricato, Katie Chang lidera a gangue como Rebecca Ahn que esconde uma pessoa de intenções misteriosas, mas é o talento de Emma Watson (e a câmera) que a destaca com mais tempo de tela em relação às outras atrizes, aparecendo mais nos flashbacks, a jovem atriz esbanja cinismo e falsidade na composição de sua personagem e demonstra o talento de alguém que está conseguindo se desprender da imagem de uma personagem que manteve por muitos anos no início de carreira. Apesar do notável talento, esse destaque em cima da atriz acaba ofuscando o tempo de outros atores, criando um desequilíbrio no desenvolvimento de todo o elenco.

Bling Ring não é um trabalho ao nível de Encontros e Desencontros (Lost in Translation), mas ainda assim competente no que passa ao público e retrata uma juventude que se agarra a ídolos vazios de cotidianos luxuosos, que não deixa de ser diferente aqui no Brasil (mas com uma dinâmica e circunstância bem diferentes), com o funk ostentação se tornando uma lição de vida para jovens pobres na favela subirem na vida, enquanto jovens de classe alta assaltam para se ter além da mesada alta, uma vida de pura ostentação; mas é claro, para se ter, todos precisam correr atrás do seu jeito... mesmo roubando.

Nota: 7,0/10,0



 Trailer:

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