sexta-feira, novembro 28

Sessão Curta+: Os Anjos do Meio da Praça (2010)

Filme: Os Anjos do Meio da Praça 
Direção: Alê Camargo e Camila Carrossine
RoteiroAlê Camargo e Camila Carrossine
Gênero: Fantasia/Animação
Origem: Brasil
Duração: 10 minutos
Premiação: Prêmio especial do júri no 38º Festival de Gramado
Sipnose: Uma fábula sobre anjos caídos, sonhos esquecidos e um menino.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem. Legendas em inglês.

Filme:

segunda-feira, novembro 24

Crítica: Boyhood - Da Infância à Juventude (2014)


Por Maurício Owada
"O desenvolvimento natural do tempo
na diegese cinematográfica de forma nunca vista"

O tempo sempre foi um elemento importante no cinema e principalmente, um elemento que muitas vezes deforma na diegese cinematográfica como recurso narrativo, sejam os flashbacks, os saltos temporais, entre tantas outras coisas para denotar a passagem ou a volta dele, dependendo do que o diretor quer contar. Richard Linklater nos agraciou com o retrato de como Celine e Jesse (Julie Delpy e Ethan Hawke, respectivamente) se conheceram, se reencontraram e se juntaram na trilogia Antes..., mostrando em dois intervalos de nove anos. a vida do casal que se apaixonam jovens, amadurecem e depois demonstram os sinais de rugas da vida, tendo que lidar com conflitos internos e obstáculos do cotidiano.

Com um costume de filmar em segredo, Linklater escondeu durante doze anos, a filmagem da história de um garoto até a sua puberdade, atingindo a maioridade. Ellar Coltrane foi o escolhido pelo cineasta para viver Mason durante todo esse tempo, envelhecendo junto com seu personagem e é nessa abordagem mais contemplativa e menos corrida do tempo que Linklater constrói de forma sublime, o crescimento de um rapaz que lida com pais divorciados, amores e o sonho de ser um fotógrafo. Mason amadurece diante dos nossos olhos em quase três horas de projeção numa naturalidade absurda e vai ser normal se apegar aos personagens imensamente, seja o pai irresponsável (Ethan Hawke), a mãe solteira (Patricia Arquette, uma das personagens que mais evolui e numa belíssima atuação) e as comuns brigas com sua irmã mais nova (Lorelei Linklater). Mas o cineasta não se prende à grande conquista de fazer um filme desse modo, seu roteiro é trabalhado de forma natural, os personagens envelhecem em nossos olhos não só fisicamente, mas também espiritualmente: Mason parte de um garotinho calado que assiste Dragon Ball Z e joga video game a um adolescente questionador e inquieto em busca da independência pessoal e uma conquista artística. Ou sua mãe, que apesar da personalidade totalmente diferente, seus conflitos são parecidos.

Richard Linklater é um tipo de cineasta de pouco holofote, tendo feito alguns filmes cultuados, seus filmes não chegam ao auge extraordinário de popular, como seus colegas de geração, mas sempre foi um diretor ousado que trabalha com a linguagem e com os elementos cinematográficos de modo simples, mas sempre criativo. Seus filmes permeia a sétima arte através de sua filosofia, agregando aos personagens uma profundidade que não tem a pretensão de dar a grande catarse, mas de apenas retratar a vida. É assim que Boyhood funciona. Cada fase da vida flui de forma incrivelmente natural graças a uma montagem brilhante, levando em conta a sua total linearidade e mesmo tendo o mesmo tipo de abordagem da Trilogia do Antes, a sua montagem se diferencia por exigir cortes maiores da vida de Mason, enquanto a trilogia investia nos planos longos e planos-sequências das conversas do casal. Mas a sensação de intimidade entre público e personagem é algo que Linklater trabalha com proeza, com diálogos bem construídos, cheios de referência pop, que serve de amuleto ao público para a localização temporal e apesar de ser um drama, o texto é leve quando lida com as eleições presidenciais que culminariam na vitória de Barack Obama (felizmente, um detalhe da trama que não é spoiler numa crítica... "risos") de forma bem humorada, mas não menos real com o que houve. 

Boyhood - Da Infância à Juventude (Boyhood) é um filme que não dá pra explicar muito. Richard Linklater encontra grandeza no cotidiano da vida, nos nossos problemas pessoais, nas nossas frustrações e desejos, graças a sensibilidade do cineasta. A trilha-sonora também sai do lugar comum, misturando clássicos contemporâneos do rock e do folk, junto com hits mais pops. Não é sempre, ainda mais hoje, que um cineasta lança uma obra-prima do cinema, não só em seu conceito, mas como filme em si. 

Nota: 10,0/10,0




Trailer:

sexta-feira, novembro 21

Sessão Curta+: Loop (2002)

Filme: Loop 
Direção: Carlos Gregório
Roteiro: Carlos Gregório
Gênero: Drama/Ficção-Científica
Origem: Brasil
Duração: 6 minutos
Sipnose: Um cientista, obcecado pela ideia de reconstruir seu passado, inventa uma máquina do tempo. Momentos antes do teste final, ele reflete sobre sua vida e as inquietações que o levaram àquela experiência.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem. Legendas em inglês.

Filme:

terça-feira, novembro 18

Crítica: Interestelar (2014)


Por Maurício Owada

"O infinito se perde a busca obsessiva da lógica
de Christopher Nolan"

Se em 2001 - Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968), Stanley Kubrick abria mão de toda a verossimilhança do cenário futurista que ele e Arthur C. Clarke imaginaram, para filosofar sobre a condição humana perante o universo de modo sensitivo, numa viagem transcedental que levou o gênero de ficção-científica ao patamar de pura reflexão, além de apenas elementos futuristas ou espaciais. Anos se passaram e a influência da obra-prima de 1968 se mostra presente em muitas divagações existenciais de filmes do gênero dos últimos anos, sejam de abordagem espacial ou não. 

Christopher Nolan é um diretor que fez sua carreira com tramas engenhosas e reflexões diante das condições de seus protagonistas, a própria trilogia do Batman segue essa abordagem, assim como a rivalidade de mágicos em O Grande Truque (The Prestige, 2006) a confusão mental de Guy Pearce em Amnésia (Memento, 2000), a culpa em Insônia (Insomnia, 2002), além do conflito entre o consciente e o subconsciente em A Origem (Inception, 2010). Desta vez, Nolan busca resposta além da Terra, sai da busca pelos conflitos internos para entender o universo em Interestelar (Interstellar), mas sua busca constante pela resposta definitiva dá pouco espaço pra refletir sobre o infinito.

Sempre obcecado pelas explicações constantes, Nolan sempre demonstrou uma certa problemática de linguagem, ficando mais evidente em A Origem e ainda que Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), seja seu filme com o roteiro mais estruturado (além de ser o mais brilhante da sua carreira, já que tivemos um inspirado Heath Ledger em tela), apresentava furos de roteiro que passavam disfarçado como uma trama engenhosa, devido ao teor "cebeçudo" de suas obras. Interestelar carrega dois desses dois pecados no estilo de Nolan, ainda que em alguns momentos as explicações sejam necessárias para entender o que acontecerá, isso se torna recorrente e tira um pouco do brilho do espaço que Nolan filma tão belamente a partir de enquadramentos que tomam o ponto de vista da nave ou do astronautas, seguindo a pegada de Alfonso Cuarón em Gravidade, buscando retratar mais a vastidão e a solidão do espaço.

Num futuro próximo, quando uma praga tomou conta e eliminou todos os tipos de comida, sobrando apenas o milho, o que deixou a humanidade a beira do apocalipse e fazendo com que todos se tornem fazendeiros, mas a praga e a poeira que se espalham pela Terra se tornam cada vez mais contínuos e os recursos naturais ficam cada vez mais escassos, o que leva a NASA, agora um setor secreto com financiamentos secretos do governo (devido ao contexto das pessoas tentando lutar por comida), buscar levar homens aos recantos mais longíquos do universo para encontrar planetas habitáveis para os seres humanos, utilizando como atalho os buracos de minhoca, que os levarão pra outras galáxias. Com uma trama que se equipara a uma grande obra de ficção-científica, Nolan constrói muito bem o contexto da Terra num tom até spielberguiano, cujo melodrama familiar pode desagradar alguns (levando em conta que o roteiro original de Jonathan Nolan, irmão do diretor, foi feito para Spielberg), mas as atuações ótimas de Matthew McConaughey e da jovem Mackenzie Foy ajudam a criar o laço necessário para que o público se importe para todo o conflito sentimental do filme.

Apesar dos vícios de atuação e dos mesmos trejeitos em cena, Matthew McConaughey demonstra um talento ímpar em trazer a dramaticidade dos seus personagens a tona e possui uma presença forte, desde que saiu da zona de conforto das comédias românticas. Mas com um elenco tão estelar (perdão pelo trocadilho óbvio, principalmente pela obviedade do trocadilho), Nolan aproveita muito pouco e os diálogos pouco bem trabalhados, chega a soar disforme com o tema, como uma das falas da personagem de Anne Hathaway sobre o 'poder do amor'. Talvez seja esse o defeito maior do roteiro de Jonathan e Christopher Nolan, ficarem expondo falas quando a contemplação devia ser o foco, assim como alguém conversa ou come pipoca numa cena silenciosa, quando se a atenção do público é exigida. E isso não é problema apenas do roteiro, mas da própria direção, que tem medo de que o público fique sem entender, quando já se dispõe a trabalhar com o infinito desconhecido, algo além do nosso alcance.

Em partes técnicas, os filmes de Nolan são sempre um primor e esse não é diferente e deve conquistar muitos prêmios nesse quesito, utilizando de maiores efeitos práticos e um pouco menos do uso de CG, apenas quando necessário e a cena do buraco negro, apesar de cientificamente impossível (lembrem-se, ficção-científica, é pautado na ciência, mas não é puramente ela fiel em tela), a sensação de desolação, medo e imersão é de um primor que é de se lamentar que o cineasta não tenha a mesma mão para a narrativa. A fotografia foge da paleta de cor azul fria comum na filmografia do diretor e a trilha-sonora de Hans Zimmer é uma atração a parte, utilizando da boa escolha de uma música menos presente e mais sutil, remetendo a trilha do clássico de Kubrick.

Interestelar queima suas asas na própria ambição de atingir o Sol ou algo além dele, se em outros filmes, que ele explorava o interior humano, já era expositivo até demais, aqui o pecado é maior ainda, já que no espaço, se predomina o silêncio. E levando em conta os inúmeros blockbusters que se passam, a ficção-científica de Christopher Nolan é uma ousada produção, uma boa pedida diante de tantos filmes vazios dentro da indústria tão escassa em novidades e obras com mais sustâncias e muitas vezes, um cineasta pretensioso é sempre bom para um mercado cinematográfico em declínio, produzindo coisas originais, ainda que erre a mão tentando.

Nota: 7,5/10,0




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quinta-feira, novembro 13

Sessão Curta+: Raak (2006)

Filme: Raak
Direção: Hanro Smitsman
Roteiro: Anjet Daanje e Philip Delmaar
Gênero: Drama
Origem: Holanda
Duração: 9 minutos
Premiação: Urso de Ouro de Curta-Metragem no Festival de Berlim, 2006
Sipnose: Pequenos eventos na vida de três pessoas levam ao momento em que um garoto joga uma pedra de uma ponte para acertar um carro. Causas pequenas e desimportantes podem levar a grandes consequências.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem. Legendas em inglês.

Filme:

sexta-feira, novembro 7

Sessão Curta+: Kamera (2011)

Filme: Kamera
Direção: Nijo Jonson
Roteiro: Nijo Jonson
Gênero: Drama
Origem: Índia
Duração: 16 minutos
Sipnose: Um garoto pobre que mora sozinho com a mãe sonha fazer as pessoas sorrirem quando crescer e tem um talento nato para isso, mas ele não consegue tirar um sorriso de sua mãe, que o obriga a trabalhar para ajudar em casa. Ao achar uma câmera no lixão aonde trabalha, ele registra os sorrisos de todas as pessoas e pretende registrar o sorriso jamais visto de sua mãe.

*Dica: aperta no item da lateral do vídeo para expandir a imagem. Legendas em inglês.

Filme: